PRIMEIRO AMOR

Estava já com desesseis anos e ainda não sentira o famoso sentimento. Vivia a ouvir as amigas falando do "tal amor" e sonhava em encontrar o seu.

A noite, quando se deitava, ficava imaginando como seria o seu amor. Inventara um jovem musculoso e moreno, com lindos olhos verdes, que a beijaria ternamente...

Fez uma novela em sua cabeça e desenrolava uma trama a cada dia. Não podia ficar parada que já vinham os pensamentos no moço moreno. E assim, foi por dois anos;

Ela chegou ao banco um pouquinho antes de seu fechamento. Tinha urgência em pagar algumas contas. Enquanto estava na fila sentiu-se observada. Não quis virar-se imediatamente, mas a sensação não passava. Curiosa como uma boa leonina, não se conteve e olhou para um lado, nada viu, olhou para o outro e também, nada. Ao voltar-se novamente, olhou para os caixas e viu quem a observava. Sentiu-se penetrada por aquele olhar e ficou sem graça. O jovem no caixa não era bonito, mas tinha algo que a hipnotizava.

Torceu para ser atendida por ele e foi. Ao passar embaixo do vidro suas contas, seus dedos se tocaram e foi maravilhoso. Seu nome era Pedro.

Lembrou-se de uma frase de Shakespeare em Noite de Reis, " Buscar o amor é bom, melhor é achá-lo."

Naquela noite, substituiu o jovem moreno com quem sonhava há tanto tempo pelo rosto de Pedro e a novela continuou. Tinha achado o seu primeiro amor.

Chris Donizete
Enviado por Chris Donizete em 31/03/2006
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