Não à mudança!!!

É incrível o apelo feito para que as pessoas mudem. A todo momento ouvimos, lemos, somos empurrados para qualquer posição que não seja a do passado imediato ou do presente. De fato, atualmente mudar é viver. Aliás, sempre foi. Desde que nascemos, mudamos a cada segundo. Porém, qualquer postura radical em relação a muitas coisas pode não ser produtivo. Há que se levar em consideração nosso lado humano. Precisamos ter em mente que vivemos em comunidade. Temos de estar sempre acima das coisas e ao nível das demais pessoas. Em síntese: caso queiramos mudar, que o façamos com a consciência de que a uma ação cabe sempre uma reação.

O problema é que às vezes mudamo-nos sem nos darmos conta dessa alteração acontecida. Somos, muitas vezes, relapsos. Outras vezes, fazemo-nos de desentendidos. Um bom exemplo acontece no nosso dia-a-dia. É notável como nosso comportamento adquire novos contornos quando ficamos entre o banco e o volante de um carro. Felizmente, não acontece com todos, mas esses são exceção. A maioria esquece de muitos bons conceitos e de muitas boas práticas quando estão dirigindo. É comum ouvir uma buzinada de carro milionésimos de segundos após o sinal ficar verde, quando chega a ficar. O vocabulário usado no trânsito faz tremer qualquer cidadão com um mínimo de recato. Em horário de extremo movimento em vias de trânsito carregado, é quase impossível sair de casa. Às vezes, não há como sair mesmo. É que muita gente estaciona bem em frente ao portão da garagem. Os carros merecem lugar nos passeios. Precisam ficar seguros, o mais perto possível dos donos. Os pedestres... Estes devem passar pelo asfalto, correr todos os riscos, ferirem-se, morrer. A qualquer hora do dia e da noite os rádios de alguns carros ficam em volume máximo. São muito generosos esses indivíduos, dividem toda a sua sonoridade com todos os transeuntes. Alguns mantêm enormes alto-falantes. Até deixam a tampa do porta-malas aberta. E o mais interessante é que o gosto musical desses condutores expressam muito bem o alto grau de educação. O sujeito quando está dirigindo fica totalmente amnésico. Não se lembra das regras e leis de trânsito. E quando lembra não se sente na obrigação de cumpri-las. Basta enxergar para ver. Avanço de sinal vermelho, buzina sem qualquer necessidade, lixo voando dos carros, veículo trafegando em sentido proibido, ultrapassagem pela direita, estacionamento em local proibido, aceleração e aproximação com o único intuito de ameaçar outro motorista. Chama-me a atenção o cuidado que se tem com o celular. Se o aparelho chama, o condutor atende com rapidez. Despreza o volante, a rua, a sinalização, o pedestre, a segurança, a vida.

E, por incrível que possa parecer, essas são as mesmas pessoas que pagam impostos, amam, sorriem, choram e produzem muitas coisas boas. Elas mudam para pior. Isso não é bom.

Benedito de Castro 13/08/2006