A miséria só vai acabar quando parar de dar lucro.

Salário mínimo, maio de 2006, economia às avessas. Salário mínimo nos remete a que? À miséria. Fala-se tanto em miséria que por mais hipócrita que possa parecer, ela possui suas vantagens. Exemplo: quanto lucra a indústria da seca? Quanto faturam as igrejas evangélicas com a miséria? Quantos dízimos, milhões, são embolsados por aqueles oportunistas nojentos de terno e gravata que não acreditam em Deus? Sim, pois Deus está fora dessa mixórdia inescrupulosa. Gente, é uma indústria milionária, que explora a ignorância e o desespero de um povo onde cada pensamento é sustentado pela ignorância, pela estupidez.

A miséria dá lucro político. Para os demagogos de plantão, a miséria têm a vantagem de ser "insolúvel". Falar na miséria denota preocupação humanitária, traz votos. E é ano de eleição!!! E,pensem, falar dela com horror é lucrativo porque é um jeito esperto de esconder a raiz dos problemas e manter intactas as causas. É uma maneira prática de mentir e dizer a verdade ao mesmo tempo. "Somos um País de miseráveis". Quem ousa contestar?

Há também o lucro dos "sinceros" que acreditam na caridade, melancólico sentimento cristão que tem a vantagem de manter a miséria como algo "fora" do capitalismo, como fruto da maldade, como um erro de percurso e não como uma produção concreta do sistema. A grande vantagem da caridade é que ela segura os pobres em seu lugar e ainda nos dá o brinde de um sorriso triste e grato. Parece um comentário cruel, mas vale uma reflexão.

Até existencialmente, os miseráveis nos são superiores: são mais corajosos que nós, no crime é claro! E têm uma paz no sofrimento e na solidão que nos humilha e até nos dá uma determinada inveja. Eles, os miseráveis, sabem que a miséria só vai acabar quando parar de dar lucro. E quando será?

Mariles da Costa Boschi
Enviado por Mariles da Costa Boschi em 31/03/2006
Código do texto: T131780