O FEIO E O BELO

Como é bonito um casal feio. O diferente. O par que se completa pelo o que falta, ou talvez sobre. Sem charme. Ou a beleza que o poeta chamou de "essencial". Pois, dois enamorados perfeitamente belos, não chamam a atenção. É muito óbvio. No entanto, quando ambos têm ausente a beleza estética, não quero dizer uma suave falta, mas a falta completa, do tipo Frankenstein e a Bruxa do 71. Aí, sim. É interessante de se admirar. Olhar bem diretamente. Apreciar no fundo dos olhos e ter a convicção de que realmente a famosa frase de, George Comte de Buffon, não é uma farsa, onde diz que "Não há coração ao qual a natureza não tenha destinado outro coração".

Se observarmos bem, podemos perceber, que as pessoas sentem-se incomodas com a felicidade dos feios. Não do tipo, inveja do rapaz que tem a garota mais gostosa da cidade, por ser belo e rico. Apesar de que todos os ricos são belos, segundo a concepção de alguns. Porém, não deixa de ser inveja. Contudo uma mais profunda. Verdadeira. Por que parece que a felicidade deles é mais feliz. Mais alegre. Cheia de Poesia na alma. Sentem-se mais fortes. Talvez pelo fato de não se sentirem ameaçados. Ciúmes não há. E tudo está bem do jeito que acontecer. Seus sorrisos, sem alguns dentes. Cabelos opacos e sem cor. Suas peles instáveis e sem sedução. Andar engraçado, torto e sem jeito. Gordura em demasia ou em escassez. Tudo. Tudo mesmo é mais perfeito que nos casais lindos. É uma perfeição paradoxal.

Quem já viu sabe, o quanto é divertido ver um casal feio se beijando. Chama a atenção pela simplicidade. Pelo sentimento verdadeiro que passam. Querem ser vistos no ato. E diferentemente dos outros tipos de casais, que sempre demonstram raiva quando são flagrados. Os feios riem. Algo que contagia quem está perto. Em geral pensamos, "que coisa nojenta". Todavia, depois, ao refletirmos, percebemos que a palavra certa não é "nojenta" e, sim, amor. O amor-paixão. Aquele que é para sempre. Aquele que só é mais amor a cada dia. A cada instante junto ou separado. Como o do pescador que quanto mais velho lhe é o peixe, mas aos seus olhos o acha belo. Que nem o tempo e nem à morte irá apagar. O amor diamante.

Aprendamos com os feios a amar. Lembremos que a alma é o que interessa. Que tudo depende de certo ângulo de visão. Que somos mais felizes, quando amamos pelas palavras, pelos gestos, pelas atitudes e olhares. Pois, esses fatores são eternos. E todo o resto, que acreditamos ser fundamental, não perdurará para sempre. Tudo é fugaz. Como esse coração que bate no teu peito. Como aquele sorvete delicioso que já tomamos. Os olhos, muitas vezes, ofuscam nosso coração, e se acreditarmos neles cegamente, poderemos nos perder. E não notarmos até nosso amor verdadeiro. No entanto, se esquecermos os olhos e deixarmo-nos ser guiados pelos nossos ouvidos, findar-nos-emos, com mais certeza, nossos dias, sem a companhia do amor-solidão.

Emanoel Rodrigues
Enviado por Emanoel Rodrigues em 04/12/2008
Código do texto: T1318397
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