E O ANO ESTÁ TERMINANDO... DE NOVO

Bem, mais um ano está chegando ao fim. E, mais uma vez, parece-me, não irei cumprir com a metade daquilo que planejei como prioridades pessoais, relacionadas no início deste ano.

É sempre assim: ano começa, apaga-se – como se fosse fácil – tudo que ficou pendente, enche-se de motivação e lista-se, novamente, a metade dos sonhos não realizados no ano que findou, acrescenta-se a outra metade – como se fosse, de fato, dar conta – e fala-se, interiormente, que dessa vez tudo será cumprido à risca.

Para começar a lista, o item mais importante: a velha e famosa dieta, para perder peso e melhorar a qualidade de vida. Aproveita-se o 13º e já se compra um tênis último modelo, a calça antitranspirante, a camisa daquela marca famosa, tipo pólo, a meia do tipo soccer – todos próprios para o jogging.

Em segundo plano, o curso de língua estrangeira, que é inglês ou francês, mas pode ser o espanhol, pois está em evidência depois que descobriram que é a porta de entrada para a Europa, apesar de que falar português/brasileiro por aquelas bandas não é bom negócio.

Em terceiro lugar na lista, vem o item pagamento de contas - e isso inclui os cartões -, a moça que vende perfume em domicílio, a outra que vende roupa de “marca” – exclusiva – trazida diretamente do exterior (na maioria, diga-se de passagem, do vizinho Paraguai), enfim, todas as pendências colocadas no “prego” esperando, justamente, o bendito 13º.

O problema consiste no fato de que, ao fazermos os pagamentos, incorporamos, para os meses seguintes, as compras de final de ano.

Claro! Final de ano também é a data de se comprar, (se) presentear (isso inclui a roupa nova de toda família. Sim. Toda família que se preza, na ceia do Natal, exibe-se para os parentes de roupa nova, de preferência nas cores azul, amarela ou verde – como se todos os parentes não fizessem a mesma coisa! E tem que levar os presentes para a tia, os sobrinhos, o cunhado, a sogra – essa invertida estabelece o grau de importância na cadeia de bem-querer. E não podemos nos esquecer da roupa branca para a entrada do ano, que é para passar nas sete ondas, pois entrada de ano que se preza tem que se passar na praia, descalço, de roupa branca, ramalhete de flores brancas e vermelhas e, dependendo do gosto, champanhe. A troca do carro, caindo aos pedaços, por outro com menos ferrugem é prioridade na lista do início do ano e, por fim, claro, a tão esperada, sonhada e fantasiada viagem de férias – essa é aquela que, todos os anos, é tida como certeza absoluta e que é sempre riscada dos itens não realizados), mas em nenhum momento se percebe que, ao invés de estar cumprindo com o item “pagamento de contas” da lista do início do ano, na verdade se está acrescentando ao item “rolar dívidas para o ano seguinte”, pois não tem quem consiga cumprir totalmente esse item sem ao menos entrar na ilusão de que, comprar com cartão, só paga no mês seguinte e não onera o bolso.

Por fim, a reforma física da casa e a troca dos móveis, pelo menos a pintura e a compra daquela TV de LCD 42’ full sei lá o que – aquela mesma que você viu seu colega de trabalho comprar em 12 prestações e que já vem em HDTV –, isso para você acompanhar seu time, que está caindo pelas tabelas, e os próximos jogos da copa (na maioria das vezes não é questão de status, mas a oportunidade de trazer os amigos para sua casa e aproveitar o momento para se esbaldar na caipirinha e nos tira-gostos, coisa que, se não for dessa forma, as patroas não liberam o divertimento pessoal da maioria dos casados).

De qualquer forma, o fim do ano está aí. Já peguei a caneta e, disfarçadamente, já estou riscando os itens não cumpridos. Aliás, nem me lembrava deles mesmo, por isso não me fizeram falta, mas, com certeza, apesar de esquecidos, serão os primeiros a serem lembrados. Então, só me resta perguntar: já começou a fazer a sua?




Obs. Imagem da internet


Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 07/12/2008
Reeditado em 05/12/2011
Código do texto: T1323236
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