Meninos e Macacos

         Num instante captei um flagrante. Coisa simples do cotidiano. Às vezes não percebemos o que acontece ao nosso redor.

         Dois irmãos brincavam juntos numa pracinha e no meio das cinzas urbanas, eu estava ali parado, bem próximo a um sombreiro. No primeiro instante, mal dava pra ver os seus rostos. A festança e a alegria contagiante tomaram conta do momento.

         Eram meninos admirando saguis (Callithrix jacchus) pulando os galhos, à espera de uma porção de pipocas bem quentinhas. Sem alimentos próprios, muito gulosos e curiosos, deixaram as suas florestas para habitarem locais perturbados, de grades movimentos e barulhentos.

         Fez-me  refletir um  pouco:  como  essas   criaturi-nhas protegidas por lei, resistem e adaptam-se tão facilmente às nossas condições, será questão de sobrevivência? Acredito que sim.

         Crianças alimentando macacos, não vejo nada de errado nisso tudo, pois esses animais já fazem parte da nossa “selva de pedras”. Além disso, adoram a companhia dos humanos e do que podem oferecê-los como recompensas (doces, balas, salgadinhos). Vejo sim, a falta de uma consciência para a preservação ambiental.

         Que um dia eles possam voltar para os seus lugares, deixando o sombreiro para a produção de oxigênio; recanto aconchegante das aves e de sombreamento dos bancos das nossas praças.


*Sombreiro (Clitoria fairchildiana) é uma árvore nativa muito utilizada em paisagismo urbano, pelo rápido crescimento e beleza das flores. Floresce a partir de dezembro, porém suas flores permanecem por longo tempo, até fevereiro. (Árvores do Brasil)


 
(Imagem: Sunny Lóra)