Pior Ou Menos Pior?

A história abaixo é um fato real. Não temam! Semana que vem prometo uma bela história de ficção pra relaxar. Mas é que vale o registro. Aqui vai:

Na véspera do Dia dos Namorados, fui eu aos correios enviar um mimo para amada que mora longe. Como é de praxe pra quem vai aos correios, cheguei na maquininha de senhas, retirei a minha: “Selos e outros serviços” e fui me sentar.

Cinco minutos aguardando e aparece um jovem, aparentando uns 17 anos de idade, boné descolado da NBA, observa a sala por uns segundos e me pergunta:

- Tem que pegar a senha ali?

- Sim. - respondi prontamente.

Mas fiquei pensando: “será que ele não notou aquele grande painel que apita, com números em luzes vermelhas e todas as outras 10 pessoas sentadas, esperando com um papel numerado na mão?”. Mas vai que ele só quis confirmar o local da máquina de senhas, né? Que veneno! Que maldade a minha!

Continuei na espera e depois de uns três minutos, a próxima senha é chamada no painel, e quem levanta é o jovem que havia me perguntado da senha! Bom, vai ver que ele quer “Somente Sedex”, e esse serviço tem preferência no atendimento. Mas o moço do guichê, antes mesmo do jovem chegar perto, já disparou:

- Você pegou a senha rápida, né?

O jovem tenta argumentar algo que não entendo. O moço do guichê responde:

- Não, você tem que pegar a senha correta pro atendimento que você quer. Senha preferencial é pra idosos, gestantes, deficientes físicos... você ainda não é nenhum deles.

O jovem, com uma cara de quem não entendeu, volta à máquina e põe-se a refletir por uns minutos. Tira sua senha e volta a sentar.

Mais uns 10 minutos de espera e um rapaz aparentando uns trinta e tantos anos de idade entra no salão e vai até o guichê. O dialogo que ouvi foi o seguinte:

- Não moço, você tem que pegar a senha ali no canto, naquela máquina e aguardar a sua vez. Nanão, não tem jeito, tem que ter a senha, ok?

Comecei a pensar na possibilidade dos correios aumentarem o tamanho do painel, ou do ruído que ele faz quando chama o próximo cliente. Quem sabe colocar umas placas bem grandes, pois já eram dois clientes equivocados em menos de meia hora.

Dois minutos depois, o painel pisca e chama a próxima senha. Quem levanta? O segundo desavisado, protagonista do diálogo acima. Pois é, ele tinha pego a senha preferencial também. A moça do guichê foi até bem educada, mas também informou ao cliente que ele tinha que pegar a senha conforme o atendimento pretendido, pois “olha o tanto de gente que ta esperando. Eles vão te odiar muito! Muito mesmo!” disse desse jeitinho, enquanto chamava o próximo a ser atendido.

E lá vai o outro moço, transtornado, se colocar atrás das 5 pessoas que chegaram nesse meio tempo e estão pegando a senha para serem atendidos. Pelo jeito não era tão importante o que iria fazer ou não gostou muito da idéia de esperar e foi embora.

O próximo da fila era eu, fui muito bem atendido por uma funcionaria bastante prestativa, sorridente e conversadeira. Me senti muito bem vindo e nem liguei pros quase 40 minutos de espera. Mas aqueles dois sujeitos me fizeram pensar sobre várias coisas que ando vendo e lendo por aí e não consegui chegar a conclusão do que é menos pior: Viver no pais dos malandrinhos ou no dos analfabetos.