O Primeiro Café Depois da Enchente

Na primeira quinzena de dezembro deste ano o Rio Paraopeba – que vem, por muito tempo, sendo depósito de todo o tipo de lixo principalmente agora com os resíduos das mineradoras transnacionais –subiu quase dez metros e deixou submersas várias cidades e muitas casas de comunidades distantes.

Quando a cidade mineira de Congonhas, conhecida mundialmente pelas obras do artista barroco (Aleijadinho), é afetada todas as outras cidades sofrerão o mesmo: Jeceaba, Belo Vale, Moeda, Brumadinho, Mário Campos e Betim... No município de Belo Vale, onde sou natural, a enchente ainda surpreendeu muitas famílias que perderam quase tudo.

– Que tempo doido! Ouvi essa expressão na voz de muitas pessoas.

Na verdade de quem é a responsabilidade dessa mudança climática – em que o Brasil é um dos países do mundo que mais sofre com essas calamidades – será o governo?, dos empresários brasileiros e estrangeiros que atuam livremente no país que é considerado como um paraíso fiscal?, será de você cidadão comum que joga lixo nas ruas que vai parar diretamente no leito do rio? Afinal, de quem é a culpa? E o responsável por tudo isso irá aparecer?

Na verdade, porém, a responsabilidade é de todos nós que não respeitamos a natureza, somos omissos com os nossos comportamentos e, normalmente, não elaboramos conceitos e educação ambiental em nossos discursos cotidianos...

Não é necessário ser ambientalista para tal e não podemos esquecer que nossos avôs já diziam e faziam previsões sobre essas calamidades naturais depois do século XXI.

O próprio homem, que degrada o meio ambiente em atos corriqueiros no dia-a-dia, é o principal responsável por todo esse cenário. Não podemos generalizar. Fez dez anos que Chico Mendes fora brutalmente assassinado em Xapuri (Acre) por que defendia os povos da floresta e era contra às atitudes dos pecuaristas e dos madeireiros...

A consciência ecológica está longe no imaginário do brasileiro e a riqueza brasileira, a partir da invasão elaborada pelos portugueses, é alvo de toda uma exploração predatória por parte de muitas nações civilizadas entre aspas.

Nesse momento, o homem diz que o tempo está doido que é um paradoxo extremo porque a natureza age conforme a pretensão humana e sua participação, com bom senso ou não, em seu habitat.

Newton Emediato Filho
Enviado por Newton Emediato Filho em 23/12/2008
Reeditado em 15/06/2009
Código do texto: T1349635
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