Saudade

Sinto de você.

Sinto do tempo em que brincava no balanço e não tinha medo de cair.

Sinto de pirulito campeão, de pipoca GURI, de LOLO e de Toddy com gostinho de chocolate, sem conservantes mil.

Sinto de você.

Sinto de não ter ninguém.

De passar sábado assistindo TV e tomando uma taça de vinho, sem problema.

Sinto do trabalho de antes.

De achar que eu era bacana, inteligente e merecia um cara que fosse mais do que eu.

De ser simples e feliz.

De escrever.

De você.

De ganhar brinquedo no Natal e se alegrar com os fogos no Ano-Novo.

De bisnaga quentinha, com muito miolo.

De pular amarelinha.

De passar as férias inteiras brincando o dia todo na rua, de amarelinha, pique-esconde, queimada e rouba-bandeira.

Você.

De ser tranqüila.

De não ter em quem pensar.

De não gostar de absolutamente nada nem ninguém.

De dançar sozinha na sala.

De ouvir punk rock.

De ser adolescente, ser criança, ser adulta responsável.

De não ter celular, nem Orkut, nem MSN.

De ficar isolada, quetinha, sorrindo de besteira.

Esqueci de você.

Me faz bem escrever.