Um ensaio sobre a saudade

E num desses acessos de inspiração eu pensei em uma bela frase para explicar o que estou sentindo depois de ficar um dia imenso longe do meu amor. Pensei na seguinte frase e a escrevo aqui para eternizá-la. “Saudade é amar de longe”. Há muitas formas de se sentir saudade, a mais dolorosa é aquela impossível de ser remediada, a saudade de alguém que já se foi, de um pai, um filho, um amigo... Sentir saudade é bom, sim, principalmente se conseguirmos lembrar dos bons momentos, daqueles dias em que chovia e nem nos importávamos porque tinha coisas e pessoas interessantes que nos deixavam contentes e animados só com a sua presença.

Por incrível que pareça, eu sinto uma saudade maluca da minha namorada depois de ficar segundos longe dela, eu me despeço e já sinto vontade de abraçar ela de novo, de ficar admirando os olhos dela e percebendo a felicidade dentro desse olhar. Ah, é meio sentimental demais, mas é verdadeiro, talvez porque eu ame ela mesmo. Não tem outra explicação. E como eu não ando jogando mais meus pensamentos no papel, eu fico cheio de dúvidas, eu nunca sei se ela não enjoou da minha presença ou se está louca para sair de perto de mim e fazer algo diferente. Eu sou meu maior inimigo, pode acreditar, amigo leitor. O que me alivia é a certeza de não ser o único a sentir isso. E no fundo, sei que ela me ama, e isso acaba me fazendo escrever sobre a saudade que sinto dela.

Ah, como é complicado encarar o profissionalismo e brigar contra o relógio e minhas obrigações enquanto estou doido para beijar a boquinha pequena dela e fazer um afago em seus cabelos. Que vontade que sinto de fazer coisas que não gosto só para ficar ao lado dela, porque na verdade eu gosto é dela, e essa menina é tão mágica que consegue até transformar os lugares sem graça onde vamos. E ela não acredita em mim, ainda que eu nunca tenha mentido para ela... O amor é complicado mesmo, só que vale a pena. E como vale se esforçar por um beijo, por um carinho, daria minha vida se necessário fosse. Olha quanta nobreza nisso de dar a vida...

Mas a saudade é implacável, e tu fica vendo o relógio andando e fazendo aquele barulho chato, o tempo ali na rua começa a ficar cinza enquanto tudo que eu desejava era o sol refletindo no olhar dela, ou naqueles óculos enormes que ela usa e que eu sempre peço para ela tirar. E a saudade acaba sendo boa só para eu escrever, só para lembrar dela, só para querer mais ela. E eu que almejava falar da saudade, acabei falando só dela...