Desculpa amor...

Alguém em algum momento falou que eu sou ótima!! Posso até ser para alguém que me lê. As pessoas podem se enganar com meus textos leves e cheios de graça. Diriam quanta espiritualidade. Como ela é divertida. E por diversas vezes vem passear por minhas páginas, atrás de minha leveza.É muito engraçado isto...Até então eu achava que todo o escritor fose um espelho daquilo que ele escreve.

Pode até ser assim, mas eu ou muito diferente, muito...Não sou nada desta mulher jovem e espirituoa que as pessoas estão acostumadas a ler. Eu mesma não me suporto muitas vezes. Queria por um momento arrancar minha pele, sangrar e ficar em carne viva, morrer até talvez! Seria tão bom se eu pudesse recomeçar. Será que faria tantas coisas diferentes? E será que estas atitudes diferentes me levariam a outros destinos?Ou será que acabaria percorrendo estradas diferentes para acabar no mesmo lugar? Não é possível saber isto, nem com as varinhas de condão que ilustram tantas histórias felizes. E esta incógnita me aflige, me faz adoecer de desgosto. Me faz chorar, gritar angustiada.

Queria mudar tudo!! Seria eu uma pessoa diferente? Faria os que me cercam mais felizes? Colocaria mais perfume a minha volta?

Onde foi parar a leveza da juventude? O riso solto, a espontaniedade? Será que um dia eu fui uma adolescente alegre, uma esposa cheia de graça? Não consigo me lembrar disto...Parece que percorri milênios.Que andei por lugares tão longinquos tamanho é o meu cansaço em continuar!

Onde foi que comecei a mudar? E pior , em que momento eu acordei pra perceber a pessoa que me tornei? O rosto do espelho não é o meu!!

Esse olhar desvairado e dolorido...Onde foi que eu o adiquiri?Essa expressão taciturna, essa raiva da felicidade! Quando foi que elas entraram tão sorrateiramente na minha vida? Será que foi quando abdiquei de minha liberdade de escolhas? Não dá para entender...Era tão jovem, tão segura de si. Nunca precisei de carona para levar a vida. Conduzia sozinha minha trajetória...Quando foi que fiquei tão acomodada? Que me entreguei tão covardemente nas mãos de outro alguém? Em nenhum momento estou reclamando do condutor da carruagem...Ele teve todas as boas intenções. É só a passageira, que não soube apreciar a viagem como deveria...Não soube ouvir e desvendar as nuances da vida.Desculpe amor...Acho que nunca mais vou te fazer sorrir comigo...

É tudo fachada, falsos sorrisos, falsos escritos! Desnudo minha alma agora, neste momento, nesta virada de ano! Trago a tona toda minha angustia e sofrimento. Estou de braços abertos, deitada sobre a colina . Aguardo de novo que a vida me leve para algum lugar. Mais uma vez deixo o destino me levar e a fraqueza me conduzir! Não tenho a quem culpar, minha vida foi eu que escolhi. E se assim me atirei no destino de outro alguém, se deixei me conduzir sem espernear, sem mudar o rumo da viagem, de quem pode ser a culpa?

Apenas minha...Eu confesso, é minha culpa! Mas tenho o direito de me banhar de lágrimas não é mesmo? Posso chorar descansada? Não quero ofender ninguém. Quero apenas afogar meu coração, lavar tantos mal entendidos, tantos desatinos e tantas fraquezas. Uma vida conduzida por outras mãos...Uma mulher que deveria ter nascido em outra era, uma mulher que não sabe o que é ser dona do nariz, que está perdida nestes tempos modernos. Desculpa amor...Eu me deixar levar. Aquela mulher que conheceu está no soterrada, enterrada para sempre. Não sei se é possível para ela sobreviver. Teus olhos merecem contemplar muitas cores, tua carruagem ainda vai muito além! Te deixo agora...Desculpa meu amor!