Estamos subordinados a nós mesmos

Não é as estrelas, mas sim a nós mesmos que estamos subordinados”. (Shakespeare).

Vivemos uma época em que nos sentimos fragmentados.

Desde a infância descobrimos que para compartilhar do mesmo espaço é preciso antes de tudo respeitar o direito do outro, independente de quem seja o indivíduo. Não há grau de parentesco que possa desviar este contexto.

Com a mudança gradual de paradigma, a paz não é vista apenas como um fenômeno externo, mas principalmente como o resultado de convergência de ações que se estende do homem à sociedade, a sociedade à natureza. Dentro deste contexto o ser humano contemporâneo é divido entre diversas carências e atenção, como as imposições sociais.

Avanços tecnológicos exaltam a auto-suficiência exigindo que o cidadão se torne cada vez mais independente.

Surge então a insegurança entre a própria escolha, ou pelos sistemas aos quais está sendo subjugado que converge com a sua realidade.

A Roda da vida o impulsiona a ir de encontro à "obrigação, do encontro ao sucesso", mesmo que para tal fim tenha que renunciar o estado de uma consciência plenamente feliz!

Quando há separação de nosso ser com a realidade, entre o objeto individual e real, aponta as características de deduções no que diz respeito à construção de conhecimento, permitindo que a própria vida seja dirigida por outrem.

Fechando os olhos para tais contradições – torna patente que há fuga da realidade e dos problemas deste mundo.

Quando eu era muito jovem li o livro Gog, de Giovanni Papini.

Ele descrevia sobre as Máscaras. Ainda hoje eu o conservo e releio por considerá-lo criativo, - levando-me a momentos distração, como também de reflexão sobre o tema.

Repasso alguns trechos do qual ele faz um relato sobre as Máscaras. –

“Comprei três máscaras japonesas antigas, autênticas, maravilhosas. Coloquei-as, depois, na parede do meu quarto e não me cansava de olhá-las. Os antigos sacerdotes a usavam em suas cerimônias solenes, assim também as antigas civilizações!.

As máscaras deviam ser uma parte facultativa do vestuário. Cada um poderia escolher para si a fisionomia que mais lhe agradaria, aquela que mais de acordo estivesse com o seu estado de alma. Todos deviam ter em seu guarda-roupa as máscaras tristes para as visitas de pêsames, máscaras poéticas e amorosas para os flertes e casamentos, e assim por diante.

A necessidade de dissimular – compor o rosto de acordo com sentimentos que quase nunca experimentamos – ver-se-ia muito reduzida, limitada unicamente à palavra.

Poder-se-ia visitar um amigo em desgraça sem necessidade de fingir com a própria fisionomia, uma dor que não sentimos. O uso prolongado de uma máscara – como demonstra Sir Max Beerdohm (caricaturista) no seu Happy Hypocrite (1897) – acaba por modelar o rosto da carne e transforma o caráter de quem a carrega.

Um homem que andasse dez anos com a máscara de Rafael e vivesse entre as suas obras primas, se converteria facilmente em um grande pintor.

“Porque não se funda, baseando-se nestes princípios um Instituto para fabricação de Talentos?”.

Giovanni Papini expressa a verdade! Apresenta seu pensamento, circundado em declarações do qual ao lê-la apresenta-nos como irreal, duvidosa..., mas pergunto eu:

- Quantas vezes nos apresentamos em reuniões, solenidade social, com semblante do qual não nos conduz a compartilhar?

Máscaras é a disjunção de nosso mundo interior – "lados sombrios" que não corresponde ao nosso Verdadeiro Ser. São fragmentos metamorfoseados de vários personagens em vôo desprotegido, e entregue gratuitamente a platéia desconhecidas.

Uma antiga história fala desta fragmentação.

“O patriarca Poimen perguntou ao patriarca José”:

“Diga-me como poderei tornar-me um monge”? Ele respondeu:

- “Se você quer encontrar a Paz em todos os lugares, em todas as ações então diga”:

Eu – Quem sou eu? “E não julgue ninguém”.

A palavra grega que designa monge, “Monachos” às vezes é derivada de “MONAS”, Unidade, - Ser Huno.

“Eu, quem sou Eu” é a procura da própria identidade.

Quem é este que está agindo assim?

Será que há parte de mim neste trabalho?

Como posso ser inteiro?

Quando julgo, ou me entrego ao outro, não estou comigo.

Para ser inteiro devo ficar comigo mesmo. Amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo.

Procure imitar-se a si mesmo. Ao passar muito tempo a imitar os outros, pode acabar por deturpar a sua própria identidade.

Marília
Enviado por Marília em 30/12/2008
Reeditado em 05/05/2015
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