PROFESSOR/EDUCADOR/FORMADOR; ALUNO/ EDUCANDO/FORMANDO
PROFESSOR/EDUCADOR/FORMADOR
ALUNO/ EDUCANDO/FORMANDO
Perto daquela curva mais fechada,
Ao lado da bica de água cristalina,
Da Serra dos Jatobás,
Vive seu Crispim.
Um homem simples e humilde,
Porém decidido, corajoso e disposto a lutar pelos seus princípios.
Com ele vive dona Filomena,
Uma senhora gorducha,
Muito simpática que saiu da cidade grande e foi parar lá pelas bandas da Serra do Jatobá devido ao amor sem medida que ela encontrou em seu Crispim, o Príncipe encantado dela.
Desse encantamento, nasceu Juninha e Betinho.
Hoje um casal de adolescentes e tremendamente normais.
De lá da montanha onde moram,
Juninha e Betinho descem os cerros todos os dias,
Uma distância de meia légua até chegar à Escola Municipal Fernandes Mendonça.
Na escola eles partilham a experiência de vida deles com a tia Raquel.
Uma senhora sonhadora, com andar seguro, roupas muito simples, mas bem elegante.
Professora dedicada, pedagoga formada em Federal e que há vários anos vem acompanhando o crescimento da criançada e da comunidade como tal.
Lá naquele ensino primário eles também merendam, brincam,
Aprendem a conviver em sociedade e fazem novos amiguinhos.
Ela trabalha profundamente a relação família escola, através do construtivismo.
Um dia, um pedagogo, conhecido por Honório, passando por lá,
Perguntou para dona Raquel:
- A senhora não acha que já está na hora de enviar essas crianças para estudar na cidade?
Dona Raquel com um sorriso simples e comprometido, respondeu com muita singeleza:
- Já é hora, isto sim, de trazer o ensino fundamental para esses recantos da montanha!
Mas por que? Indagou o pedagogo!
Dona Raquel chamou o moço, pediu para que se sentasse e discorreu a sua filosofia educacional.
- Porque o ensino, meu querido Honório, a gente adapta a qualquer cultura,
E a cultura a gente não adapta em qualquer lugar!
Todas as crianças desta escola, Juninha, Betinho e todos os outros,
Se depender de mim e de quem pensa como eu,
Nunca sairão daqui, mas aprenderão a ser educados e formados,
Valorizando tudo o que eles têm cá!
Não precisamos de doutores,
Mas de pessoas que saibam condensar educação humana e acadêmica numa mesma mente.
Assim, a extinção da cultura educacional de cada região ficará distante,
E a utopia de formar gente sábia ao invés de doutor ficará clara aos nossos olhos.
Honório admirou a firmeza, a sabedoria de Dona Raquel,
Agradeceu-a e saiu pensando, apoderando, refletindo...
Que beleza que há pessoas assim na educação.
Mas também há tantos que estão no mundo da educação para ganhar dinheiro somente.
Vivem preocupados com a estrutura repleta de informações e vazia de formação.
Professores, no verdadeiro sentido, mas só isso. O educador fica bem distante.
Pessoas comprometidas com a estrutura corrupta que não tem o formando e educando em primeiro lugar, mas o arcabouço de uma grade escolar que precisa ser preenchida com qualquer coisa. Inclusive uma missa chega valer um dia letivo.
Pessoas que se não houver um quadro preto, azul, verde... Algumas peças de giz, um grupo de alunos enfileirados, ficam perdidas para passar as informações que prepararam em casa e que chamam de plano de aula.
Professores que chamam a sua clientela de alunos. Aluno, expressão que diz: sem luz.
É verdadeiramente um cidadão que por achar que sabe muito, professa um conhecimento que tem para um grupo que não tem luz. Que ironia! Rei na terra de cegos!
Será que cada um desses humanos aqui mencionados não têm luz mesmo? São extremamente ignorantes?
Quem acha que uma missa vale um dia letivo, esse sim é ignorante de carteirinha, pessoa sem luz.
Mas, os educadores comprometidos, que unem em perfeição ou não, o professor e o educador na mesma essência e reflexão pensante, podemos dizer que são sábios.
Pois saberão perceber que os alunos na realidade são formandos, gente iluminada.
Formadores e formandos conseguem construir um mundo novo.
O professor/educador/formador de fato consegue fazer a criança, o adolescente e o jovem sair do aluno e entrar no mundo da formação e da educação.
O professor somente, apenas consegue ver aluno e informação.
E aluno se basta às informações que recebe.
Esses dois simplesmente, conseguem construir um mundo medíocre.
Deixa dona Raquel saber que uma missa vale um dia letivo!
É isso!
Acácio