A GARRAFA SOLITÁRIA

Fiquei penalizado, imensamente, quando ao passar pelo primeiro trevo de acesso ao Balneário Santo Antonio ví uma garrafa vazia de cerveja jogada, abandonada sôbre a grama.

Havia pouco mais de uma hora as turmas da limpeza urbana realizara um mutirão no local, raspando, varrendo, cortando a grama, aparando os canteiros, pintando postes e meio-fios das calçadas deixando tudo embelezado para as festividades de fim de ano.

Coitada! Lá estava ela, abandonada e solitária. Ninguém lembrou dela para, pelo menos, colocá-la na lixeira que estava em frente.

Hábito cultural tão estranho numa cidade tão culta e que pode ser muito bela tanto quanto a “última flor do lacio” como disse Bilac da Língua Portuguesa, mas, que ainda não acordou para isso.

Fiquei com muita pena, sim, mas com muito mais do cidadão que a jogou ali. Não teve sensibilidade para valorizar o trabalho que foi realizado em benefício de todos. Não pensa coletivamente, provavelmente, não quis ter o trabalho de colocar lixo no lixo. Foi mais fácil jogá-la e quem sabe até de dentro de seu carro, ao passar.

Enquanto não houver consciência dos munícipes para aspectos de melhoria de nossa cidade, não adianta pensar em desenvolver turismo. Precisamos descer dos degráus de cidade capital cultural e passar a construir cidadãos educados e que queiram manter limpa e bem apresentada sua cidade com a finalidade de atrair turismo e divisas. Programas de conscientização nas escolas, nas universidades, nas associações de bairros, nos clubes sociais e esportivos, nas ruas, nos órgãos públicos..enfim...onde houver cidadãos reunidos, que lhes cheguem mensagens de preservação da natureza, da limpeza e da manutenção dos locais públicos, de todos, e que sejam respeitados e mantidos de maneira satisfatória.

A garrafa solitária deixou de ser, porque alguém com uma consciência melhor formada a juntou e reuniu com outras que estavam felizes na lixeira em frente ao local.

Talvez esse exemplo constranja o cidadão que a jogou na grama.

Publicado no jornal Diário da Manhã na coluna Tribuna do Povo no dia 07/01/2009 - Pelotas/Rs.