Um Presente dos Reis Magos

Dia 06 de janeiro de 2009 seria um dia como outro qualquer. Quer dizer, normal. Normal não, pois sendo Dia de Reis era chegada a hora de desmontar a árvore de natal, guardar as bolinhas, luzinhas e outros tantos badulaques. Dia de conseguir uma romã; descascar e comer aquelas sementinhas - meio sem graça para falar a verdade - mas e a sorte? Quem não arrisca? Então, o jeito foi seguir o tal ritual.

Ah! Tinha mais coisas pra fazer no dia 06 de janeiro: acender uma vela pro anjo-da-guarda do dia; soprar um pozinho de canela na porta de entrada da casa; escrever o nome dos reis magos e bater três vezes na madeira... Ai, ai, ai! Quanta bobagem! Mas é assim que tem que ser, afinal, tudo é válido para fazer do novo ano um ano venturoso!

Pois bem, seria mais um dia tranqüilo. Os filhos estão de férias, não tem correria, nada de horário certo pra isso, “pr'aquilo, pr'aquil’outro”, ou seja, após as festas de final de ano, a casa vai aos poucos, voltando ao seu "estado" normal.

Acontece que nesse 06 de janeiro do ano novo, para mim, não foi um dia normal. Foi, sim, um “dia especial”; dia de surpresa da boa! Recebi uma visita inesperada. De quem?... De quem?... Querem saber?

Tcham, tcham, tcham, tchammmmmm!...

Babem, gente boa! Babem!...

Mariza Brasil! WooHoo! É!... A própria! Em carne e osso! Imaginem!... Fiquei pensando depois: só pode ter sido coisa de santo, claro! Conspiraram a meu favor; só pode ter sido isso!

Uauuuuuuuuu! Imagino que estejam aí estupefatos não é? Pois é, gente! Um privilégio dos deuses, que não esquecerei jamais! Que alegria! Que emoção! E “bota” emoção nisso! Adivinhem se chorei!? Lógico! Assim que nos abraçamos, não contive as lágrimas. Deixei-me levar pela sensação gostosa do abraço a tanto tempo esperado. O virtual passou a ser real. E mágico!

Mas ela foi logo dizendo: “- Epa, epa, epa! Venho trazer alegria. Nada de choro, menina!”

Não tive alternativa, fui logo tratando de “engolir” a emoção. Afinal a diva do Recanto das Letras, poetisa, escritora Mariza Brasil, estava entrando em minha casa e eu ali, aprontando um chororô! Caramba! Que coisa feia! E outra, ela trazia nas mãos um vaso grande e colorido – um pezinho de pimenta, para trazer sorte. Então não dava para ficar que nem uma “pateta”; de jeito nenhum! Minha Nossa Senhora! O que uma surpresa faz com a gente!

Enfim, recebi o vaso. Lindo! E dei passagem para que ela entrasse dentro de casa. Aliás, não era só a Mariza não. Sua irmã, Fátima, também estava presente. Digamos que ela tenha sido a patrocinadora da surpresa.

Na verdade, quem a recebeu foi meu marido. Coincidentemente ele já estava descendo a escada quando a campainha tocou, ou seja, lá mesmo, na porta, já se apresentaram.

Mariza e Fátima são duas mulheres bonitas, vistosas, muito divertidas, espirituosas, sem frescuras, e logo-logo já estavam à vontade. Sentamo-nos no sofá da sala. Abri a janela para que a claridade e a brisa adentrassem no recinto. Fora de casa, o sol forte nos deixava incomodadas com o calor. Após vários dias de chuva – temporais, inclusive – deu-se uma trégua e o céu se abriu novamente mostrando todo o esplendor do seu azul. Apesar do calor, a tarde estava linda! Brinquei com a Mariza dizendo que teria sido a sua chegada, o motivo de o tempo ter mudado.

Fui logo perguntando como foi a viagem, se chegou bem, etc, etc. Cá pra nós... Meu nervosismo era tanto que nem sei pra quê questionei a respeito da viagem. Ela já havia dito, por telefone, assim que chegara em Belo Horizonte. Vocês podem imaginar como eu estava emocionalmente. Acho que ela nem notou. Ainda bem. Ela fala rápido (tem voz de menina) e enquanto explica, agita as mãos, conserta a blusa, se ajeita melhor no sofá.

Depois, o assunto girou em torno da sua instalação definitiva aqui no Brasil, tais como: pintura da casa, compra dos utensílios de maior necessidade, a sua preocupação com as outras bagagens que estão para chegar... Ou seja, providências que advêm com qualquer mudança, principalmente como na situação da nossa querida amiga.

Conversa daqui, conversa dali, e como boa mineira das antigas, apresento as dependências da minha casa. Moro em um casarão – sobrado – antigo, o que significa dizer que não é uma casa pequena. São cômodos completamente fora dos atuais padrões de construção. Mariza e sua irmã admiraram o tamanho das janelas, portanto a ventilação e a claridade que permitem entrar na casa. O tamanho de um dos quatro quartos, as torneiras de metal dourado no banheiro e, principalmente, se encantaram com a varanda do meu quarto. Mantenho lá alguns vasos - a maioria de folhagens - e um deles é um xaxim onde uma touceira de trevo-roxo se mostra lindo! Ficaram deslumbradas com a imagem. Enfim, quando eu já pensava em providenciar um cafezinho, sei lá, alguma coisa para servi-las, encasquetaram que teriam que ir embora. Sinceramente não gostei.

“- Mas o que é isso? Já? Nem esquentaram lugar? Esperem um pouquinho, gente! Vou passar um café!”

“– Não, não. Não precisa. Temos que ir. Há muita coisa, ainda, para fazer”.

Não teve jeito. Apesar da visita ter sido rápida foi muito bom tê-las recebido em minha casa. Embora sem concordar com a pressa, não pude prendê-las por mais tempo. Evitei ser desagradável e não insisti. Percebi que a Mariza é decidida, firme nos seus propósitos, não gosta de deixar nada para depois. Pensei: tenho que respeitar a vontade dela e pronto!

Ao nos despedirmos deixamos combinado que assim que a poeira baixar, voltaremos a nos encontrar, sendo que teremos a companhia da Celina Figueiredo. Quiçá, da Fernanda Araújo, Edson Gonçalves, Silvânio Alves, Linandre, etc., etc.)

(Recado pra turma de Divinópolis: ô gente boa! Dêem um jeitinho de vir pra Belo Horizonte, ok? Queremos a companhia de vocês pra uma tarde “recantista”, que tal?)

E foi assim. Em plena terça-feira, dia de Reis, uma tremenda surpresa me foi concedida. E que surpresa! Eu que pensava em marcar esse nosso primeiro encontro com antecedência, preparar uns comes-e-bebes bacanas, fazer tudo direitinho e da melhor maneira possível para presentear a nossa diva... No final das contas, foi ela quem me deu um presentão!

Obrigada, Mariza! Fiquei muito feliz com a sua visita, minha querida. Se Deus quiser, e Ele há de querer, você vai resolver seus probleminhas mais rápido do que pensa e aí teremos todo o tempo do mundo para prosear.

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