JOGO DO AMOR

Se existissem regras na equação do amor o resultado não seria exato.

Se as relações fossem como sonhamos o mundo seria mais belo e as flores mais vivas, pois quem ama de verdade só deseja bondade e felicidade para o ser amado, buscando a todo o momento viver em paz a dois, escolhendo o amor.

Mas as tentações da vida acabam afogando, como pedras no mar, quem não consegue ter força e lutar por um amar verdadeiro, se desviando nas sombras que o mal coloca em nossa frente, deixando falar mais alto uma ilusão ao invés de viver a paixão.

Tudo é quebra cabeças onde as peças se encaixam em vários lugares e colocá-las no certo requer muita determinação, vontade e, acima de tudo, abrir mão de algo para viver em harmonia com a opção verdadeira.

Cada rodada da vida requer astúcia para discernir se é o momento de sair do jogo ou prosseguir com o que tem, e isso pede sabedoria, pois uma decisão pode colocar uma vida no caminho errado, uma escolha ou uma renúncia podem levar ao abismo algo que poderia ir para o céu.

As cartas do engano sempre estão na mesa, esperando como lobos a próxima vítima, distanciando da razão quem opta por emoção sem controle, se aproveitando de quem já não enxerga com clareza qual o melhor caminho a seguir.

O vício errado coloca na ponta da faca quem deixa o certo pelo incerto, o possivelmente eterno pelo momentâneo, podendo a qualquer momento levar uma apunhalada da vida, se ferir sem volta, abrir um buraco no peito por culpa de uma empolgação sem controle onde o resultado pode ser incurável.

Todos nós vivemos e sempre viveremos fases onde a borboleta do destino está em nossas mãos e apertá-la ou deixá-la voar é uma opção individual, vida ou morte, ponderada por nós mesmos, com conseqüências diretamente proporcionais à nossa decisão, muitas vezes sem volta.

Nada é fácil quando se trata do coração. Nele existem armadilhas que servem para nos testar e nos fazer ter certeza do que queremos. Deixar de lado certos vínculos, confortos, vícios, costumes, manias e estradas não são falta de personalidade, poder, auto-estima, independência e muito menos deixar de ser quem é, pelo contrário, assumir que escolheu o caminho do amor é autenticar que dentro dessa escolha está o mais belo dos sentimentos, a mais bela das escolhas, o motivo maior e mais forte para toda a existência, e isso sim é mais belo, nobre e forte do que qualquer outra coisa movida por orgulhos e egos.

Prazeres vêm e vão, amores de verdade não. Tentações sempre aparecerão, ceder a elas é a questão. Duvidas nunca nos deixarão, certeza é pra quem não ama em vão.

O verdadeiro adversário está dentro e não fora do corpo, é lá no fundo da alma, no mais íntimo dos pensamentos, dos sentimentos que se deve descobrir o que se quer realmente, é lá que a respiração deve ofegar quando pensar na escolha, quando vier à mente o desejo futuro, os sonhos, os anseios, a segurança, paz, tranqüilidade e felicidade.

Nesse jogo de se relacionar o maior perigo é aquele que não enxergamos, é não ver que uma decisão pode levar a uma decepção. Jogar errado é pensar que o que vemos com os olhos é o que nos fará bonitos por dentro, se distanciar do amor achando que ele estará lá na volta, satisfazer algo individual ao invés do casal.

O amor é um jogo, onde as cartas podem nos enganar e nos fazer sofrer, as apostas somos nós quem fazemos, as decisões nós que tomamos, o destino sempre está em nossas mãos, sabendo jogar ou não e é aí que o verdadeiro sentimento fala mais alto.

Nessas encruzilhadas que sempre vivemos um rumo teremos que tomar, sabendo que no outro deixaremos algo, muitas vezes prazeroso, mas com a convicção de que a decisão final é o que trará a felicidade futura, se entregando ao coração, com a certeza que Deus ajuda quem vive para o amor.

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