ESPOSA, CASO... AMANTE...

ESPOSA, CASO... AMANTE...

Tonha: antoniazilma@hotmail.com

Temos uma idéia, culturalmente construída, e/ou distorcida, sobre o termo “amante”. Muito embora a palavra em si já nos remeta ao seu verdadeiro sentido: “aquela que ama”, amante vem do latim amans: antes que ama; diferentemente de “esposa”, que no diacronismo antigo significa algemas. O fato é que praticamente não existe mais amante, e sim, caso sem compromisso.

Quando refletimos sobre amante e esposa, caso possamos entender que o termo amante está associado a aquilo que nos envolve realmente, algo pelo qual nos apaixonamos, haja vista que nos apaixonamos por uma diversidade de coisas atraentes, como: a arte, a poesia, os conhecimentos gregos, o esporte, a política, enfim, enquanto amante podemos dar sentido a nossa vida, não ser propenso ao comodismo e ter disponibilidade para amar e usufruir o que se ama; ser enamorado (a) da vida e mergulhar-se intensamente na filosofia de um alvorecer que nos encante.

Em relação ao “caso” - confundido às vezes com amante -, certamente atribui-se ao sexo sem amor, sem compromisso, sem sabor.

Muito embora pareça privilégio dos casados ou comprometidos, a verdade não é bem assim: a maioria dos solteiros tem caso e, às vezes, até com mulheres casadas. Penso que faz parte do livre arbítrio de cada um.

No que diz respeito às esposas, existe uma complexidade em suas convivências conjugais; umas, continuam a namorar os seus maridos e mantêm seu encanto próprio, único; outras, aparentemente são acomodadas e possessivas, pensam que colocam cabresto em seus companheiros... Basta que o marido saia e demore um pouco, que já é motivo pra estragar o casamento; às vezes, trata-se apenas de uma saída informal com os colegas (um jogo de sinuca, um papo sobre o trabalho...), deixa de ser amante para ser patética.

Também, há aquelas esposas independentes, dedicadas à família, versáteis e muito inteligentes, mas que não têm atrativos para os maridos (ou estão sempre muito cansadas ou são extremamente frígidas).

Parece-me muito relativo cada situação mencionada, pois cada pessoa tem seu universo, seus gostos, anseios e limitações. Agora, o que evidencio é a possibilidade de conciliar esposa/amante para uma relação mais gostosa e construtiva a dois. Uma vez que ser amante é ter brilho no olhar ao que se ama; é amar porque se apaixona e gosta de está amando... É ter a mente saudável pelo que se ama e sentir a ausência com alegria na chegada...

Um exemplo bem simples: podemos ser amante de uma boa música (adoro ouvir “tô fazendo falta”, de Joana), da página de crônicas de um jornal, um filho, um homem inteligente e cheiroso, uma mulher sensual e culta e muitas outras coisas. Pode-se perceber que as amantes emergem a idéia de serem mais lascivas, enquanto que as esposas figuram a imagem (às vezes camuflada) de recatadas (ou simplesmente, retraídas, por exemplo).

No entanto, não devemos julgar. Porque de um modo geral somos frutos de uma sociedade capitalista neoliberal, com idéias de liberdade/ igualdade /fraternidade, alienadoras, repassadas culturalmente ao longo da história.

Por fim, acho precipitado afirmar que ser amante é ter um homem disponível aos seus encantos. Penso que é bem mais que isso, porque conheço quem dedicou a vida sendo amante da natureza, cativando o espaço dos seres vivos com seus cuidados ecológicos; amante é este que é capaz de decifrar a linguagem dos pássaros - a procura de seus ninhos. No entanto, quando se trata do termo “amante”, em relação à postura da mulher perante o homem, não podemos negar que a cada encontro é um recitar romântico de vida, namoro e poesia.

Antonia Zilma
Enviado por Antonia Zilma em 12/01/2009
Reeditado em 19/09/2022
Código do texto: T1381568
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