Guia de Turismo

Existem tantos lindos recantos oferecidos pela natureza que, mesmo se vivêssemos em férias permanentemente, não conseguiríamos contemplar a todos.

Entretanto, são os profissionais de turismo, com as programações de roteiros, que nos permitem admirar um maior número desses recantos.

Os Guias de Turismo tornam melhores as férias, pela consciência de que seu trabalho facilita a aventura dos turistas em explorar os recantos naturais e os encantos das culturas regionais.

Um casal amigo terminava suas férias pelo Nordeste. Restavam apenas dois dias, para tentar conhecer o máximo de Natal. Instalados numa pousada, foram informados de que os dois dias poderiam ser muito facilitados, pelos serviços de um guia e “bugreiro”.

Orientados pelo guia, decidiram passear no primeiro dia pelo litoral sul e, no outro, pelo litoral norte.

A importância do trabalho do guia ficou caracterizada no relato de meus amigos. Escutei tanto sobre as belezas de Natal quanto sobre o guia.

O entusiasmo do casal amigo era tão grande , que acabou por arrastar-me em viagem : pela beleza da praia da Pipa; pela alegria do balé dos golfinhos; pelo mistério da lagoa de Arituba; e pela delicadeza da areia da lagoa de Carcará . Fui surpreendido, durante o roteiro, ao avistar a Barreira do Inferno, base de lançamentos de sondas meteorológicas, satélites e foguetes.

As férias do casal amigo, como quaisquer férias, tiveram um “causo”.

Contaram-me que a maior emoção do passeio ao litoral sul foi um “incidente de percurso”.

Ao cortarem caminho por dentro de uma usina de açúcar, foram surpreendidos pela queima do canavial, cujas chamas chegavam bem próximas a um dos lados da estrada, enquanto o outro lado era terreno ondulado e seco, que mais parecia uma pista de “motocross”.

Uma rajada de vento. Línguas de fogo e pedaços de pés de cana em chamas ameaçavam os visitantes.

O guia percebendo que o pânico estava se instalando gritou: não se afobem, vamos sair da estrada e passar um pouco mais afastado, para que fotografem este momento inesquecível.

Até o carro parar no meio do terreno ondulado e seco, meus amigos sentiram-se como peões em dia de rodeio.

O “guia-bugreiro” era de um bom humor invejável. Fazia muitas pilhérias e usava termos que dizia ter aprendido com outros turistas: “mucha”, “broca”, “ralado”, “trilegal”, “jópia”…

Habilidoso e astuto. Entendeu o grupo rapidamente. Colocou mulher ciumenta no banco traseiro e coroa medroso no banco da frente.

Meus amigos, aos risos, contaram que a primeira pilhéria dita em versinho pelo guia foi:

Tudo pronto, vamos zarpar./ Fiquem tranqüilos e sem medo./ Se, por acaso, alguém cair é só chamar./ Voltamos para apanhar, não tem segredo.

No passeio para o litoral norte, as emoções das subidas e descidas pelas dunas foram pequenas, se comparadas ao deslumbramento causado ao casal, ao serem abraçados pela paisagem desértica, esconderijo de lindas lagoas, inclusive a especial Genipabu.

O passeio pelas dunas foi sempre acompanhado de uma espécie de ritual ministrado pelo guia. Primeiro apresentava a duna como se fosse uma velha amiga. Quase sempre a apresentação era acompanhada de uma historieta.

O nome de uma delas era o nome da marca de um cigarro, pois fora o palco do vídeo promocional para TV.

Depois navegava com o bugre sobre o mar de formas da duna, enquanto o casal amigo se banhava em emoção e adrenalina.

Finalmente, como se preparasse o grupo para a próxima duna, orientava para descida do bugre e contemplação do visual descortinado.Depois do banho de beleza e, antes da partida para outra duna, filosofava sobre o nome e/ou a forma daquela que acabara de explorar.

Vez ou outra, dizia ao casal, em tom de pilhéria, que haviam tido muita sorte, pois estavam sendo acompanhados por um “Guia Cinco Estrelas”.

Meus amigos, que já tinham entrado no ritmo do guia, retrucavam: “não se deprecie, você é mais que cinco estrelas, você é um “Guia Constelação”.

O retorno das dunas para o Centro de Natal foi feito pelas praias, quando o casal embriagou-se com tanta beleza e perdeu-se na fantasia de que o murmúrio do mar e os sussurros da brisa vespertina os adormeceriam no colo generoso da Mãe Natureza, para não mais acordar.

“Guia Constelação” são rimas que festejam esses dois dias de férias vividos intensamente em Natal.

“Guia Constelação” saúda o trabalho dos guias e registra, o passeio pelos litorais sul e norte de Natal e as lições do Guia Constelação.

Guia Constelação

Quem por Natal passar

e tiver a fim de emoção,

tem que se aventurar

com um “Guia Constelação”.

Guia e “bugreiro”

é, também, vendedor de ilusões,

nos leva ao passeio

e a cada duna uma lição.

A primeira, ao “Oito” parece.

Assim como se sobe

a gente, também, desce.

Suba pelo bem, vê se não esquece.

Natal, Natal, Natal,

Natal, Natal, Natal.

Agora o “Tobogã” é ação.

È a oscilação da vida.

Tal como jogar no pregão,

relaxe na descida e goze na subida.

Vem aí o “Caldeirão” e o “Paredão”,

goze a fantasia com emoção.

Cozinhe o medo, fuzile a solidão

e renove o seu coração.

O “Fim do Mundo” chegou

e de braços com a igualdade.

Pobre, rico, analfabeto ou doutor,

ponha fé na eternidade.

Genipabu, lagoa colorida.

Férias em Natal, haja coração.

Dunas como lições de vida,

com um “Guia Constelação”.

Natal, Natal, Natal,

Natal, Natal, Natal.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 13/01/2009
Reeditado em 10/11/2010
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