DESENVOLVIMENTO X PRIMITIVISMO

Debruçado na janela vejo o tempo passar, num misto de comemoração diante de avanços e tristeza pela miséria e atraso presente na periferia dos centros urbanos. Em meio à interrogações, penso que a mesma sociedade que logra êxito na moderna arquitetura, amarga baixos índices de desenvolvimento, sempre que fortes chuvas fazem o esgoto transbordar, trazendo a tona, o lixo oculto “debaixo do tapetão”.

Muito do insucesso, pode ser atribuído a má índole que leva a humanidade ao fundo do posso. Inclusive, quando a sociedade “orgulhosamente” proclama haver ultrapassado os limites do progresso e do desenvolvimento científico e tecnológico. É confrontada com baixos índices de desenvolvimento humano que desafia os princípios do bom senso e da inteligência que não conseguem impedir que, em várias partes do mundo, pessoas agonizem com fome de alimentos, desemprego e enfermidades.

Conforme o Aurélio, índole significa: “temperamento; feitio; modo, caráter”. Creio que não haveria problemas em dizer “estilo”. Tudo aquilo que denigre a humanidade é fruto de má índole.

Não adianta alguém tentar maquiar sua má índole com belas cores, porque continuará visível, exceto para quem dela se aproveita em benefício próprio. Um dos grandes erros da sociedade contemporânea é a falta de caráter na condução dos destinos do universo. Sempre ou quase sempre se elogia desnecessariamente da mesma forma que não se aceitam as críticas, mesmo construtivas. Assim, glorifica-se alguém em um momento para crucificá-lo no momento seguinte. O homem já não procura ser cordial com seu semelhante num completo desrespeito que transforma continentes humanos em ilhas perdidas num imenso oceano sem horizonte. Levando-nos à certeza que, o dilema humano não está restrito aos problemas de ordem material.

No momento que o ser humano se vangloria de ser ”evoluído”, tem agido, reagido e interagido de forma primitiva em termos de grosseria. Ou seja, por um lado temos procurado explicações para a origem do Universo; por outro lado, a mesma humanidade produz bombas para matar, quando poderia investir esses recursos na produção de alimentos para amenizar o drama da fome no mundo.

E assim, o tempo passa, a noite vem e a vida continua numa alternância entre a luta por uma sociedade menos injusta e os momentos quando, debruçados na janela, refletimos sobre o desenvolvimento e o estágio de primitivismo que assola a sociedade pós-superficial.

Chagas dhu Sertão
Enviado por Chagas dhu Sertão em 21/01/2009
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