Rumos opostos

Um dos maiores obstáculos do desenvolvimento de um país são as decisões políticas, mais precisamente os acertos que acontecem debaixo das cortinas e longe de microfones e flashes de câmeras. Por incrível que pareça, aquela área que deveria ser a grande responsável pelo crescimento sustentável e de acordo com a globalização é a mesma que frustra comunidades inteiras com suas decisões mal formuladas e ainda pior executadas.

Enquanto as necessidades de uma população estão diretamente relacionadas com qualidade de vida e saúde, os recursos são direcionados para coisas de menor relevância, como automóveis de luxo blindados para as Câmaras de Vereadores não serem alvejadas ao transportar e passar por ladrões, aviões para os governos passearem acima e longe dos morros, obras tão simples porém incrivelmente caras para abrigar museus expansivos que a alta sociedade vai aparecer tirando fotos.

E do lado de fora destas grandes realizações, sempre vai haver um miserável oferecendo um currículo a um político, ou então querendo alguns trocados para poder se alimentar. E não vai adiantar nada pedir, a menos que tenha algum parentesco com alguém da política ou tenha militado durante a campanha. Ainda assim, as características individuais, referências e qualidade daquele cidadão muitas vezes vão ser até superiores a muitos cargos de confiança distribuídos por aí.

É por causa destes rumos opostos que a rota do desenvolvimento não é pavimentada uniformemente. É por causa deste desacerto, em todos os setores, que temos que pagar pedágio para termos direito à felicidade, ou trabalhar como brasileiros. Sim, porque o brasileiro trabalha à exaustão para pagar contas, para apreciar o básico, para sonhar com uma faculdade, para deixar suas cidades em busca de melhores oportunidades. Então, mesmo em uma analogia descompromissada como essa, surge uma dúvida: que reforma devemos fazer, política ou de caráter?