Desespero( A Trajetória De Um Suicida)

Desesperado(A trajetória de um Suicida)

Encontro-me num quarto,

Sozinho, calado, Sem nenhuma atenção.

Encontro-me num turbilhão de mentiras,

Insanas, caóticas, que espremem meu coração.

Encontro-me calado,

No escuro do quarto,

Suado, arrasado, Sem nenhuma força de vida.

Eu me escondo

Pois não quero por ele ser encontrado.

Eu me escondo

Porque a minha vida tem sido de dor.

Eu me escondo, eu fico aqui,

Roendo unhas, suando muito

E sentindo meu coração se esfriar.

Eu fico aqui

Ouvindo o silêncio de fora

E as vozes de dentro a gritar.

Eu fico aqui

Não me arrependo,

Por deixar meu mundo se acabar.

Eu fico aqui

E na penumbra, olho-me no espelho.

Eu fico assim

Fico rindo de mim, chorando por mim.

Eu fico assim

Os sentimentos se confundem

Eu dou risada, tenho raiva.

E sinto a loucura me dominar.

Eu tenho medo

Desses olhos que estão no espelho.

De quem são? O que querem?

Acho melhor me afastar!

E esse homem de onde veio?

Por que ele está aqui?

Não gosto dele, vou me livrar!

Então eu o soco, até a mão sangrar.

Agora sim estou feliz!

Vendo o sangue d’ele escorrer em minhas mãos.

Deus, eu não pude perdoá-lo!!!

Agora me deito

Com os olhos fechados tento encontrar um pouco de paz.

Mas as imagens começam a surgir!

Eu vejo choro, vejo raiva

E muitos com o dedo a me acusar!

Eu tento dormir

Mas os gritos na cabeça continuam a ecoar

Eu tento correr

Mas o problema me persegue assim como o gato está para o rato

Ou como a faca está para a carne!

Eu abro os olhos

Mas o pesadelo continua

O teto gira e vai ficando cada vez mais perto

Em cima da cama

Eu me debato, tento sair

Mais parece que estou preso, pois não consigo fugir.

Eu digo: “tenho que acabar com tudo isso, tenho que acabar...”

Preciso acabar logo com isso

Rastejando eu fujo

Rastejando eu imploro

“Por favor, me deixe ir...”

Eu caminho pra lá,

Eu caminho pra cá,

Então descubro que o homem ainda está lá.

Num outro espelho,

Ele me olha, não me ignora

E eu fico assombrado

Com o sarcasmo em seu olhar.

Eu brigo com ele,

A batalha é sangrenta

E finalmente o vejo em pedaços.

Mas para o meu desespero

Ele aparece em outro espelho.

A agonia aumenta, eu fico confuso,

Caio no chão e começo a chorar.

Enquanto um frio tremendo percorre minhas veias,

Sinto minhas pernas pra frente me levar!

Então eu corro

Saio do quarto e começo a vagar.

Não sei por que vou,

Não sei para onde esse terror vai me levar.

Não me siga!

Uns tentam me ajudar

Mas não entendem que dinheiro não vai nada mudar.

O que eu quero é paz de espírito

Mas desconfio que Deus vá me negar!

Em uma tormenta

As minhas mãos tremem,

Minha voz gagueja

E tudo que eu faço, é rir e chorar

Eu me deprimo,

Procuro solução.

Por que é desumano assim continuar.

Eu corto meus pulsos,

Ver sangue me apavora

E eu não ouso continuar.

Então eu corro,

Com a vida quase perdida

Não sinto vontade, vou abandonar.

Então eu corro,

E olhando para o céu,

Vejo um dia turvo e nublado e

Essa vontade imensa de acabar cresce em mim,

Então eu corro,

E subo as escadas,

Pois sei que lá em cima ninguém vai me notar.

Agora eu vejo,

Um horizonte esquisito

Muitos prédios destorcidos

E formas estranhas começam a

Minha realidade tomar.

Agora eu vejo...

Como sou inútil, ouço o murmúrio da rua,

As pessoas transitando e não deixando suas vidas parar!

E então me pergunto:

Qual é o meu papel nesse mundo?

Para quê eu vim? Por que ficar?

Será que não posso simplesmente dissipar no ar!?

Eu me pergunto:

E se alguém me conhecesse?

Será que se importariam ou me deixariam de lado?

E eu questiono:

Por que eu?...Por que comigo meu Deus!? Por que...?

Não tenho forças pra resistir

Então eu pulo...

Eu não imaginava que teria coragem

Pelo menos agora sinto o alívio a adentrar!

Que sensação!

Em queda livre

Sinto meu corpo ficando pesado

E eu vou descendo

O chão se aproxima

E em um lampejo o arrependimento começa a me dominar

Eu não consigo

Até penso em parar

Mais é inútil tentar voltar.

E se tivesse asas como um pássaro,

Voltaria pro meu lugar.

Então fecho os olhos

A tragédia já está anunciada

Então eu respiro fundo e começo a rezar!

“ô Deus... por favor... conforta-me nesta hora da morte!

Peço que o senhor me perd...”

ThIaGo RoDdYs
Enviado por ThIaGo RoDdYs em 23/01/2009
Reeditado em 22/05/2010
Código do texto: T1400309
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