A QUÍMICA DO AMOR

Assistindo uma palestra, achei ótimo podermos dar a desculpa química do amor, da dor, do apaixonar-se, da saudade enfim, é isso que tento lhes dizer: há explicação química para isso. Só não reparem os termos técnicos, preciso deles para vocês acreditarem em mim.

Quando conhecemos alguém, e “as coisas começam a acontecer”, o nosso cérebro, mais especificadamente, o sistema límbico, começa a trabalhar. Da seguinte forma: O tálamo recebe informações dos nossos cinco sentidos, que já nos trazem a sensação do cheiro, da voz, da pele, da pessoa que nos apaixonamos. Essas informações passam pela amígdala, que é responsável por identificar e traduzir o sentimento, ou seja, por reconhecê-lo. Ah sim, e as informações passam também pelo hipocampo, onde guardamos a identificação das nossas memórias. O hipocampo mais ou menos funciona assim: ele avisa para a amígdala: “Essa voz é parecida com a voz de tal pessoa” ou “Esse cheiro não te traz boa memória...”. E por aí vai, guardando todas nossas memórias de infância e pessoas que passaram na nossa vida.

Nesse ponto faço uma observação: dessa forma se explica aquela pessoa que sempre busca namorados parecidos, com o mesmo perfil. Essa pessoa possui uma forte imagem fixada no hipocampo.

Continuando...

No nosso sistema límbico temos também algo chamado Lócus Coeruleus, que são os neurotransmissores: serotonina, dopamina e noradrenalina. Vou explicar: A serotonina é responsável pela regulação do humor; a dopamina pelas sensações de prazer e a noradrenalina regula a excitação, o prazer. Esta última é responsável pela sensação de bem estar que sentimos quando nos apaixonamos. No começo da paixão ocorre a liberação da noradrenalina. Alguns pesquisadores sustentam que ela dura três anos, pois é o tempo que há a liberação deste neurotransmissor, depois ele deixa de ser liberado e o casal passa para outra etapa, que não é mais o APAIXONAR-SE.

Sendo a noradrenalina que libera a excitação, caso a pessoa não esteja feliz na relação, ela tem efeito contrário: excesso de ansiedade e tristeza, ou seja, há o esgotamento da noradrenalina e por isso que essas relações perturbam o funcionamento químico da pessoa e consequentemente sua qualidade de vida.

O que eu falei até agora é que na primeira etapa da relação, do encantamento, da atração, do apaixonar-se há uma tempestade de substâncias trabalhando. O que acontece é que recebemos a informação de que estamos apaixonados depois de já estarmos, mas para se tornar consciente, temos que esperar essas substâncias trabalharem, por isso aquelas frases “quando eu vi, sem perceber, estava apaixonada”, porque a pessoa já havia ouvido a voz, sentido o cheiro e gostado, mas o cérebro não havia processado, por isso, se apaixonou “sem perceber”.

Bom, quando não há mais liberação da noradrenalina o casal entra na segunda fase da relação, ou não, pois é agora que ou o romance acaba ou passa para outra etapa: o VÍNCULO.

No vínculo o neurotransmissor liberado é a ocitocina, ela é o “hormônio” do vínculo. A ocitocina é liberada pela mãe na relação com o filho, é liberado nas relações sexuais, ela é o HORMÔNIO DO “QUERO INVESTIR” pois é neste fase que o casal vai ter certeza: “ te conheço, então, te amo”..

O que isso quer dizer? Que há um reconhecimento: já conhecem os defeitos, as qualidades e querem ficar juntos mesmo assim. Quando não há esse querer, a ocitocina nem entra neste processo, e há o fim da relação.

Em relação aos três anos de duração da paixão, os pesquisadores afirmam que se não fosse assim, o nosso corpo adoeceria, pois ele não agüentaria a liberação de tantas substâncias por mais tempo. E quando a relação do casal acontece à distância, eles afirmam que esse tempo é o mesmo, entretanto, que não há uma acomodação química, de sentir as sensações, pois os namorados não convivem (cheiro, voz, pele, etc...) e o cérebro não internaliza as sensações.

O mais interessante vem agora: quando há o fim de uma relação, sentimos ABSTINÊNCIA. De fato. Quando a gente se afasta da pessoa o nosso organismo começa uma busca àquelas sensações que sentíamos quando estávamos com ela, e assim tentamos resgatar (e por isso sofremos) a recompensa que a dopamina (responsável pelo prazer) nos proporcionava. Isso mesmo, sentimos abstinência de dopamina. O resumo é: se sofre, chora, “a vida acabou” por uma simples abstinência de um neurotransmissor, das sensações e não da pessoa. Não fica mais fácil pensar assim?

Dessa forma, o objetivo do amor é o equilíbrio químico! Ele vai nos possibilitar o bem-estar, sem a ansiedade do começo, mas com ânimo para toda vida.

NATACHA MORAES
Enviado por NATACHA MORAES em 29/01/2009
Código do texto: T1411777