SOBRE FUTEBOL E SOBREVIVÊNCIA
Ninguém há de negar que estamos no país do futebol. A bola rola a vera em infindas partidas que se bastam em pequenos terrenos baldios, em campos improvisados ou em grandes estádios, nos pés de magistrais que fazem seus nomes e condecoram nossa mãe gentil com tão sublime título.
Isso vem bem a calhar numa terra onde desde cedo é preciso aprender a driblar as armadilhas que despontam cedo ou tarde, como frutos de uma sociedade que bate um bolão no que diz respeito à corrupção e preconceito. Cada dia terminado, pra muitos, é um golaço de placa. Pra outros, cada volta pra casa é um jogo com direito a primeiro e segundo tempo, isso se não houver prorrogação!
Somos crias dessa geração onde idosos e crianças precisam cavar faltas pra ter direito à seu direito de alguma coisa, passando até mesmo pelos "bandeirinhas" que estão de olho pra dizer se foi dessa vez ou não. Mas fazer o que? Estamos no país do futebol, não é? E a idéia (ops..agora sem acento) de disputa está tão afixada nas mentes dos governantes que é preciso ser craque até pra conseguir vaga em escola pública. Feliz aquele que consegue passar a redonda por entre as pernas da burocracia (ou do descaso?) e consegue garantir uma consulta médica para o mês que vem, quem sabe?! Mas no geral, a maioria mesmo, é primorosa em matar a bucha, quero dizer, a bola no peito e afogar suas mágoas em filas intermináveis!
Enfim, bola no campo. Um dia a gente perde, no outro a gente perde, mas quem sabe um dia ganhamos a partida, ou pelo menos ganhamos o direito de depois das trombadas bater um penalty ? Afinal, somos o país do futebol. Não somos?