Engatando a primeira: estacionamentos!

Domingo.É dia de feira.Minha casa fica numa rua abaixo a das bancas.Os fregueses vêm de carro, estacionam nas ruas mais próximas ao comércio ambulante.Trocando em miúdos: em frente à minha casa.Para agravar mais a situação, têm ainda os “flanelinhas” (guardadores de carro).São moleques, outros nem tanto que fazem das grades do meu portão varal para seus “paninhos”, basta eu me descuidar deles.Teve uma ocasião em que meu marido e eu voltávamos para casa depois de termos saído bem cedo.E não é que o flanelinha veio oferecer seus “serviços” para nós?

-Por aqui, chefia! Pode estacionar que nóis toma conta...

-Mas em frente a uma garagem? –(era a nossa )

-Não tem problema.Não dá nada, não. Pode confiar.

Por falar em estacionamento, eu não gosto destes modelos novos em shoppings centers. O sujeito é obrigado a subir naquele caracol de concreto até o topo.Fico zonza.Por estas e por outras que eu entendo o porquê de tanta gente não encontrar o próprio carro na hora de ir embora.

-Xiii...estava crente que tinha estacionado na ala X-14 azul calcinha... e agora? Cadê meu carro?

Uma ex-vizinha da minha mãe tinha mania de estacionar nas vagas reservadas aos deficientes físicos.Gostava delas, porque ficavam, obviamente, bem próximas à entrada do hipermercado.O segurança esperou que ela saísse do carro para aplicar-lhe uma chamada:

-A senhora não viu que estacionou em uma vaga reservada para deficientes físicos?

-Vi sim.Sou deficiente física, não visual!


Saiu mancando para justificar a própria infração.Cara de pau!

Na época da faculdade, meu irmão, como muitos, trabalhava e estudava. Às vezes ia de carro; outras não. Era feriado prolongado.Saiu tão contente da faculdade, já pensando em pegar estrada rumo ao litoral, que entrou no primeiro ônibus que passava perto de casa. Ao olhar para a lacuna na garagem, imaginou ter sido assaltado: segundos depois é que se lembrou de que havia deixado o carro no estacionamento pertinho de onde estudava.Resumo da ópera: só pôde viajar no outro dia de manhã, porque encontrou o local fechado.Já passava da meia-noite.

Uma reportagem do Fantástico certa vez flagrou a ação de alguns manobristas: muitos valets pegavam o carro e paravam na rua, na via pública, e cobram dinheiro por isso. Sem ter o seguro e sem estar parado no estacionamento. Mano-brista! Mano-sem-vergonha!

Acabar com o abuso dos flanelinhas e com a máfia de valets desonestos é caso para a polícia, mas quanto a perder o carro nos estacionamentos da vida, algumas dicas podem ajudar:

1. não compre carro com cores neutras ou escuras demais.Cores quentes, cítricas e ridículas facilitam a localização do automóvel num lugar cheio;

2. enfeite a antena do seu carro (caso ele tenha uma externa) com badulaques chamativos.Se não tiver, você estará perdido, literalmente;

3. evite sair sozinho.Peça para outra pessoa gravar na memória, no papel ou no celular a localização do estacionamento.Só cuide para que esta pessoa não seja o seu sobrinho de dois anos de idade ou algum analfabeto;

4.espere até que todos os clientes peguem seus respectivos carros: o que sobrar (tomara que sobre) é seu;

5.libere o João e Maria que existe dentro de você e marque todo o caminho com migalhas de pão!Boa sorte com os seguranças;

6. Se nada der certo, ande a pé. Estacione o sedentarismo e seja feliz.


(Maria Fernandes Shu – 03 de fevereiro de 2009)



Maria SHU
Enviado por Maria SHU em 03/02/2009
Reeditado em 06/05/2009
Código do texto: T1419419
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