SERIA APENAS MAIS UMA CANTADA?
Como sempre, eu estava em cima da hora. Caminhava depressa, havia milésimos de segundo contados para cada passo e apesar do sol, das pernas lutarem contra a velocidade imposta pelo cérebro, chegar atrasada não fazia parte do plano.
Aproximava-me da metade do caminho, quando, de repente, um rapaz vestido de preto, naquilo que parecia ser um uniforme, com capacete na mão esquerda sai de uma das casas e ao me ver, pára. Sorri e exclama:
- Nossa! Que moça mais linda! Que maravilha!
Minha reação foi quase imediata e desajeitada. Abaixei a cabeça e sem diminuir o ritmo dos passos disse-lhe bem baixinho: “Tudo bem?” Apenas por dizer, sem esperar resposta, é claro.
Continuei caminhando, cabeça baixa, quando ele ainda acrescentou:
- Parece que já conheço.
Confesso que não vi direito o rosto dele (sua aparição repentina me desconcertou) e não me atrevi a olhar para trás para confirmar que aquelas palavras não passavam de uma artimanha para tentar conquistar a moça que passava pela rua e como a moça que passava pela rua era eu, então fiquei sendo a moça linda, a maravilha...
E assim, sendo a moça linda, a maravilha, segui com meus passos rápidos pensando no quanto é engraçado como os homens se comportam quando um rabo de saia (no meu caso, uma barra de calça, pois não uso saias) passa por eles.
Fico imaginando, o que será que impulsiona atitudes como esta?
Elevar o ego de uma mulher? Duvido muito...