Cassino: a maior praia do mundo!

Que bom te encontrar de novo! Vejo que estás de cara nova, mas não perdes o encanto, aquele mesmo encanto que tinhas quando te visitava mais seguido... Não perdestes o charme inigualável da tua Avenida, os teus eucaliptos centenários, as belas mulheres, as tuas ruas arenosas e os amigos que aí deixei. Lugar quase mágico que alguns ainda insistem em achar sem graça, mas que enche os meus olhos e toca profundamente os meus sentidos, perplexos com esta imensidão de mar e sol.... Onde tuas areias, o vento perene e insistente que castiga e acaricia? Aqui o mar é frio e nem sempre cristalino, mas quem se importa? Tens gaivotas que te visitam na incessante busca pela sobrevivência, siris e tatuíras se escondendo pela areia no vai-e-vem das ondas e a visão infindável das areias brancas e das conchinhas que a criançada busca. Caminhantes em busca do sol e da saúde, talvez perdida nas noites á frente de uma televisão qualquer... Pescadores na labuta diária para nos prover do alimento... Molhes da barra, fantástica obra de acesso ao Porto que os antepassados nos legaram! Toneladas de pedra do Capão do Leão, que os franceses laboriosamente empilharam dentro do mar e onde a engenhosidade dos papareias criou a vagoneta para os nossos passeios e pescarias de verão! Nós que te conhecemos, temos sorte, muita sorte sim! Que outro lugar tem como madrinha a Mãe Iemanjá, festejada em fevereiro, e que nos contempla com os braços e o coração sempre abertos? Cassino de muitas tribos... Dos verões inesquecíveis e dos bucólicos invernos! Aí tem lugar para todos: do citadino ao homem do campo, da geração saúde aos amantes da noite, do abonado ao bóia-fria, do residente ao visitante, dos que aí ficam e dos que se vão ... O Cassino é vila, arrabalde e metrópole sofisticada! O meu Cassino tem muitas faces, sim senhor! Para chegar até aí, ainda se vai pela mesma estradinha, aquela que conhecíamos quando crianças e que nos presenteava com a fantástica visão do corso Napoleão em uma curva qualquer... Passamos pelo Senandes, pela Vieira e pelo bucólico Bolaxa... Cassino do naufragado Altair, cuja visão nos traz fantasias de trágicos naufrágios em escuras e tempestuosas noites meridionais! No meu Cassino se anda de bicicleta, a pé ou á cavalo ou então não se faz nada. Podemos caminhar na Avenida, olhar o “Barracão”, dar um pulo nos inevitáveis “camelôs” ou encontrar os amigos para uma conversa sem pressa.... Temos artistas de rua, palhaços e artesãos, gente pra lá e pra cá, muita gente... Podemos dormir e acordar tarde, ir á praia ou até nem irmos ... Enfim, cada um que procure a sua turma, porque todas as turmas estão no Cassino! Faça o que quiser, ou fique na sua rede... No Cassino você pode! Tem até baile na frente da Igreja onde também tem missa, tem feira do livro, tem a SAC e as nossas crianças ainda brincam na praça... Recebes carinhosamente gente de todos os lugares! Tem argentinos e uruguaios, pessoas de Pelotas, Bagé, Livramento, Porto Alegre e papareias, muitos papareias, pois o riograndino que se preza, não te troca por nenhum outro lugar... Tem beija-flor, sabiá, pardal, joão de barro, gatos e cachorros, aposentados e trabalhadores, velhos e novos e as mulheres mais lindas do mundo... Tem estação onde não passa mais o trem, congestionamentos dignos de uma grande cidade e ruas desertas e melancólicas quando chove no inverno. Cassino das rodas de amigos e do inevitável churrasco que não tem hora para começar e terminar e onde sempre aparece um violão! Cassino das calmarias e das furiosas ressacas que assustam aos mais experimentados marinheiros... Cassino das músicas sussurradas pela noite, escapadas de uma serenata qualquer perdida no tempo e na memória... Cassino das minhas lembranças... Não é por um simples acaso que aqueles que te conhecem, te chamem de Paraíso.... Vila Siqueira, Cassino, Rio Grande, lá no sul do Brasil... Paraíso!

Ps.: a praia do cassino está localizada no município do Rio Grande, único porto marítimo do Estado do Rio Grande do sul, e está no Guiness como a praia de maior extensão do mundo!