TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE

Ela havia esperado uma semana para poder alugar aquele filme. Como era muito antigo, teve de fazer uma reserva e aguardar.

Agora, na sala de aula, não acreditava no que estava acontecendo:- muitos alunos conversando, outros saíam e entravam, um murmurinho enorme.

Queria se concentrar mas não conseguia, tamanha era a sua revolta.

Onde já se viu, alunos de Jornalismo, com um descaso tão grande quanto aquele?

Todos os homens do presidente é um clássico no meio jornalístico. É praticamente obrigatório.

Os alunos que haviam saído para o intervalo, voltaram e ficaram do lado de fora conversando. As risadas podiam ser ouvidas dentro da sala. Estava tirando a concentração dos poucos alunos que ficaram.

Sua vontade era abrir a porta e dar uma bronca, mas se conteve. Estava com tanta raiva que tinha medo de sua reação.

Para sua inquietude, as horas não passavam. Chorava por dentro. Dava aulas há 15 anos e nunca tinha passado por algo assim. Alunos ingratos, não sabiam o que estavam perdendo.

Não iria brigar, nem resmungar. Terminado o filme não falaria nada. Será que conseguiria?

Conseguiu se controlar. Ao acabar a exposição, acendeu as luzes. Agradeceu a presença dos que ficaram e ia fazer uma rápida abordagem quando o restante dos alunos resolveu entrar. E como se não bastasse todo o barulho feito do lado de fora, entraram conversando como se nada tivesse acontecido.

A bomba que dentro dela, prestes a explodir estava em contagem regressiva.

Foi aí que teve uma idéia: - a prova seria na semana que vem.

Eles teriam uma grande surpresa na prova: teriam de responder a uma questão do filme.

Sorriu por dentro e encerrou a aula...

Chris Donizete
Enviado por Chris Donizete em 23/04/2006
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