Da fonte para as torneiras...

Nosso Brasil trava uma intensa batalha contra o tráfico de drogas. Tal batalha não é fácil, pois não envolve somente o combate propriamente dito, mas algo muito mais complexo, como a condição social dos infratores e as batalhas judiciais. Resumindo, a polícia tenta pegar o traficante; este, por sua vez, tenta fugir e no caso de ser preso, o Ministério Público oferece a denúncia para a qual é competente. Já o advogado de defesa, cumpre sua função de defensor técnico para a efetivação do devido processo legal; o juiz exerce a função jurisdicional sentenciando; e o diretor do presídio tem por obrigação organizar e controlar internamente a enorme massa carcerária.

Quando assitimos em alguns programas televisivos à uma atuação da polícia cumprindo um mandado de busca e apreensão em uma boca de fumo, comprovamos que quase sempre aquelas estão localizadas nas periferias e temos uma realidade quase padrão: um barraco de madeira ou de alvenaria com dois cômodos sem projeto, um guarda-roupas velho, caindo aos pedaços, colchões no chão, um fogão de quatro bocas com umas panelinhas amassadas em cima, duas ou mais crianças chorando e um homem geralmente negro ou pardo algemado, e o policial com uma pequena porção de drogas em uma das mãos.

Agora, devemos questionar de onde saiu essa droga, qual o caminho que ela percorreu e como ela chegou nas mãos desse homem, que tinha intenção de vendê-la?

Acredita-se que 99% das substâncias entorpecentes que são as mais consumidas e vendidas no Brasil (maconha, haxixe, crack e cocaína), são produzidas nos países vizinhos, como Colômbia, Bolívia e Paraguai; e que para adentrar em nosso país, o transporte seja feito por aviões, barcos ou por via terrestre (caminhões, ônibus e carros).

Então podemos comparar os países produtores com as fontes e os pequenos traficantes favelados do Brasil com as torneiras.

Aqui no Brasil, as fronteiras são patrulhadas pelo Exército, Marinha e Aeronáutica; e podemos imaginar que esses três órgãos da defesa nacional são bem equipados, bem treinados e dispostos a entrar em ação.

Temos ainda a Força de Segurança Nacional e a Polícia Federal, então, acredita-se que suporte não deve faltar.

Se a Aeronáutica monitorar os céus e começar a utilizar suas baterias anti-aéreas para abater os pequenos aviões não identificados carregados de tóxicos e armas; se a Marinha patrulhar os rios das divisas com seus barcos de assalto para coibir o tráfico fluvial e se o exército montar barreiras e utilizar veículos militares próprios para trilhas nas matas, certamente poderemos conter a entrada das drogas, das armas e das munições para dentro do país.

As autoridades se defendem e alegam que nossas fronteiras são extensas, que o efetivo militar é reduzido e que as forças armadas somente devem ser acionadas no caso de conflitos com nações inimigas.

Pode-se até vislumbrar um conflito, caso imaginemos que Hugo Chaves, lá da Venezuela apoia as Farc da Colômbia e o governo de Evo Morales, na Bolívia incentiva e subsidia as plantações de coca em seu país. Então, façamos com que eles fiquem com toda sua a produção e a consumam por lá, pois assim evitaremos que a mesma seja contrabandeada para ser consumida aqui, pelos brasileiros.

Deste modo, a canalização que liga a fonte às torneiras, será interrompida, consequentemente, a oferta diminuirá, o preço subirá, o consumo inevitavelmente cairá, pois as drogas não serão encontradas para a venda; e a polícia, seja repressiva ou a preventiva urbana, não precisará invadir tantos barracos, para fechar tantas torneiras.

BORGHA
Enviado por BORGHA em 17/02/2009
Reeditado em 16/04/2009
Código do texto: T1443785
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