A espera interminável

Julia e Cadu nunca tinham se visto antes daquele beijo no final da festa. O dia seguinte àquele beijo foi interminável para a menina, que esperava por uma ligação, só queria ouvir a voz daquele garoto mais uma vez.

Deitada no sofá de casa, assistindo televisão sem conseguir dormir, ainda um pouco zonza por causa do som alto da boate, a menina tocava os lábios e fechava os olhos. Era como se lembrasse do momento em que sua boca foi tocada pelo beijo carinhoso de Cadu, Julia parecia sentir a massagem que ele fez em seu rosto enquanto as pessoas iam se retirando da festa. O salão estava vazio e a música, no momento do beijo, tocava somente para eles.

Depois de beijá-lo, ela lhe sussurrou o número do celular, antes de sair correndo puxada pelas amigas para pegar o táxi e voltar para casa. Cadu ficou parado, olhando ela ir embora e não entendia o que estava sentindo, nem de onde aquela menina havia saído tão de repente, parando em sua frente e o encantando.

Tomando uma cerveja com os amigos em um barzinho, ainda de madrugada, Cadu não prestava atenção à conversa, ficou lembrando daquele beijo também. Foi para casa, sem nem perceber o cansaço de caminhar mais de 10 quadras, não parava de pensar em Julia. Mas só o que ele tinha era o telefone dela, nem o nome sabia. Pior, Cadu nem sabia se o número era realmente dela.

Julia esperou o dia inteiro pela ligação do rapaz, nem foi para a prainha com as amigas pegar um sol, como havia planejado. Cadu dormiu a tarde inteira, mas sonhava mais acordado e não tinha coragem para telefonar.

Somente à noite, quando foi ao centro, ele tomou coragem, motivado pelos amigos e algumas garrafas de cerveja, para ligar e falar com Julia. A menina estava a poucas quadras de distância dele, atendeu insegura e com temerosidade quando o celular vibrou em seu colo e quase caiu no chão. Era ele, a espera havia acabado. Combinaram novo encontro, conversaram pela internet e se conheceram aos poucos.

Hoje, ainda os vejo discutindo por assuntos banais, mas fico perplexo com a forma como os olhares deles se encontram... Será isso que chamam de amor?