O jogo

Domingo de carnaval, estádio do Beira-rio, 7.784 torcedores e entre eles, um era eu. De um lado a torcida do Internacional, do outro também a mesma torcida. Só vi colorados. Um calor dos infernos. Mas havia de ser assim, para marcar a minha estréia nos gramados. Não, eu não joguei. Fui apenas assisitir. Primeira vez que vejo um jogo em um estádio. A emoção é tamanha. Nunca vi o vermelho e o branco com tanta intensidade. Eu estava de branco e com um boné do Inter. É claro que não poderia torcer contra, uma vez que a família toda do qual estou hospedado é colorada. "Ai de você se o Inter perder!" Palmas e mais palmas para os jogadores entrarem no campo.

Eis que começa a partida. Corre daqui, corre dali. Confesso que demoraram alguns minutos para eu conseguir decifrar aonde é que o Inter deveria marcar o gol. Cinco minutos passados e a chance para um gol surgiu. D'Alessandro tabelou com Taison e alertou Nilmar, que entrava na área pela diagonal direita. Ele chutou e a bola passou perto do gol de André. Não me pergunte quem é quem, mas o que importa é logo saiu a primeira balançada da rede e foi do Taison, com direito a dancinha. Euforia no estádio, gritos, e novamente palmas. Havia horas, que nem sabia o porquê estava batendo-as, mas batia assim mesmo. Melhor não contrariar. Diferente dos curitibanos, os gaúchos são comunicativos, as vezes até demais. "Plante uma árvore no campo, garanto que fará mais do que o Bolívar", "futebol não é coisa para viado", "refri e água, refri e água, ceva não tem, só sem álcool", e por aí vai... O engraçado no futebol ao vivo é que não é se cansa tanto, quando o vimos no estádio. Esse é um dos motivos, pelos quais não assisto-o em casa, não tenho paciência, sem contar que a emoção é outra. Saber que a poucos metros estão os caras que recebem fortunas para correr atrás de uma bola. Como diz um amigo meu, "com um salário daqueles como toda a grama do campo".

Conversa vai, conversa vem e eu torcendo a minha roupa por causa do suor e de repende gritos, pulos e, como de costume, as palmas. Perdi o gol, mas comemorei igualmente e dessa vez o Índio quem o fez. Dois a zero. O time da Ulbra tinha que reagir e eu tinha que entender o que se passava. Confuso esse negócio de futebol. Teve uma hora que lá de onde estava brilhou um cartãozinho amarelo nas mãos do árbitro, e coitado desse, até a mãe ouviu as ofensas. Outra hora pensei que fosse pênalti, mas nada aconteceu. Eis que da falência futebolística surge um gol da Ulbra, em seguida várias vaias. Dois a um. E disso não passou.

Não foi um clássico, mas foi para marcar. Quanto aos comentários do jogo prefiro poupar-lhes das minhas anotações, uma vez que se decepcionariam com eles, e ainda quero que continuem lendo os meus devaneios.

Mas uma coisa posso afirmar, meu coração agora é vermelho e branco, com muito orgulho!

Eduardo Costta
Enviado por Eduardo Costta em 22/02/2009
Reeditado em 22/02/2009
Código do texto: T1452691
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