A arte de beber e...

Beber é uma arte e toda arte tem sua forma de ser apreciada. A arte de beber tem diversas ramificações, há uma época certa para cada tipo de destilado, não é só encher um copo e a cara. Já deve ficar claro que encher a cara é coisa de bêbado, um defeito que também remonta a diversos tipos e personalidades. O bêbado clássico é aquele tipo cambaleante, que arrasta as palavras e passa vergonha a noite toda, mas no outro dia não lembra de nada e já fica pronto para fazer o mesmo na próxima sexta-feira. Sim, porque este dia, para os bêbados e os caras que bebem é sagrado, a boa e velha loira na mesa do barzinho da esquina com aqueles petiscos que só o boteco da esquina tem.

Beber é uma religião, antes do churrasco dominical, depois do trabalho, antes, durante e depois do futebol. Ah, o futebol e uma loira gelada, com colarinho branco, delícia! Não tem brasileiro que não goste dessa combinação, é sagrado. Aliás, eu ando louco para beber alguma coisa e fiquei aqui escrevendo. Já volto, vou ali selecionar um uísque e prepará-lo on the rocks.

Realmente, há algo de clássico e romântico em beber um bom scotch, ele desliza a cada milímetro do copo, que precisa ser mais arredondado que o normal. Sempre é bom lembrar que não é recomendável inspirar seu cheiro, ele vai te transportar a lugares inimagináveis e te fazer sonhar com a próxima dose. A segunda dose é mais suave, mas não é a melhor. A melhor é aquela depois que você se ergue da cadeira para buscar mais gelo, normalmente a sétima dose. Agora estou chegando perto dela, e já nem procuro as letras mais no teclado, é a bebida quem conduz minhas ações. Afinal, consegui o que queria. Estou provando minha teoria de que chega uma hora que o homem é comandado pela bebida, e é por isso que chiframos, mentimos, galinhamos e agimos como crianças.