DÁDIVAS

Tem plantas que aparecem no nosso jardim naturalmente e sem que a gente se de por conta elas já estão ali, exibindo graça e beleza. Assim acontece no jardim do nosso interior.

Um dia encontrei uma plantinha nascida assim num dos canteiros do meu coração. Foi tanto sentimento a primeira vista que fiquei tocada com a sua suave luminosidade e o seu cheiro marcante de manhãs de outono.

Parecia ter trazido meu endereço no alforge de sua alma, tamanha naturalidade e crescente expressão de bem estar, com que permitia que suas raízes ganhassem forças nesse espaço sagrado tão do meu domínio.

Cresceu linda, exalando por dentro e em torno de mim, o valoroso perfume das verdades que ninguém vê, ritmando minhas horas num compasso de felicidade, que por muitas vezes já fez meu coração chorar de manso, serenizado.

Com o tempo passei a chamar-la de meu sol, de meu raio de sol, de meu arco-íris, mas ela e´muito mais que isso, ela é o indizível. Me regalo com o seu perfume invadindo a vastidão que há em mim.

Soma com as alegrias do meu cotidiano, lá isso é verdade, mas se assemelha com o que me dão as crianças com as quais tenho convivido (lá e cá), que se aninham em meu colo, com a liberdade tal, de quem possui um elo de intimidade comigo, e eu para falar a verdade gosto muito disso, faz-me sentir mais juvenil, mais humana, mais gente, mais útil. E ser útil às crianças e´um desvendamento só.

Minha alegria é sempre assim: não tem dia, não tem hora; e eu me rio feliz dessas doces companhias que a VIDA me dá, pondo brilho nos meus olhos.

Dia desses quis compreender o propósito da Vida, nessas coisas que parecem de extremos tão intangíveis (pelo menos de imediato parecem), e me sosseguei quando lembrei de um filme que assisti na minha adolescência:

“DEIXA-ME VIVER”.

Luzia Câmara Ozarias
Enviado por Luzia Câmara Ozarias em 28/02/2009
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