O BISPO, A ESTUPRADA E MUITAS CON-TRADIÇÕES

Quero viajar para um país.

Acho muito lindo este país.

Arrumo tudo para ir.

Aí fico sabendo que para ir neste país tenho de usar a roupa deles, muito feia e desconfortável.

E tenho de comer uma comida muito indigesta que para mim faz mal.

E dizem que se não comer muito eles consideram falta de educação.

Aí começo a criticar este país.

Acho um absurdo tudo o que eles fazem.

Eu, que descobri isto hoje, estou indignado e criticando algo que eles fazem há 2 mil anos.

Como acho o país de uma paisagem muito linda me acho no direito de querer que eles mudem tudo que são para me receber e eu passar uns dias de lazer...

Bem, quem estuprou a menina não foi o Bispo e nem ninguém da Igreja Católica.

Se quem sofreu a punição da Igreja era membro dela deveria saber que seria punido. E, inclusive, aceitar a punição pois sabemos das regras das sociedades as quais pertencemos.

E se não sabemos é porque somos apenas figurantes em cima do muro...

E se não era da Igreja, então não foi punido com nada...

Sobre aborto ser pior que estupro está certíssimo dentro da lógica de quem fala representando o grupo a qual pertence.

Aborto mata, estupro agride.

Qualquer assassinato é mais grave que qualquer agressão.

Veja que estou falando o ponto de vista da Igreja.

O problema no Brasil é que "nascemos católicos" sem sermos de fato.

Aí é igual aquela moça que pergunta, ao ver uma partida de futebol, por que ninguém passa a bola para aquele cara de preto com um apito...

A Igreja é uma Instituição com regras, como todas.

As regras são as mesmas desde.... sei lá quando...

Quem acha que está errado, invente uma outra, como Lutero.

Quem acha que está certo, aceite todas as consequências.

Quem não aceita, pede prá sair...

Eu já saí faz tempo...

(Quanto ao ponto de vista da minha colega Lilian Maial, concordo plenamente. Realmente não podemos aceitar esta condição de deixar a mulher como um depósito de esperma sempre a disposição de um "homem". Já foi o tempo das i-lógicas machistas para justificar comportamentos criminosos. Maria da Penha que o diga)