Tarde de recomeço
Sentava às margens do lago do Ibirapuera,
Numa tarde de brisa fresca, sol ameno na cidade
Mas no seu coração, bem no fundo de sua alma
Só ela mesma sabia como se sentia.
Jogou uma pequena pedra de formas arredondadas
E a viu quicar por sobre as águas três vezes
Até que o objeto perdeu força e afundou.
Meditava em seu coração - por que foi preterida,
O que a outra garota tinha a mais que ela não tinha?
Lançou olhares por sobre o lago,
Observando o Ginásio do Ibirapuera, e mais além
As torres imponentes marcando posição na Avenida Paulista.
Subitamente, uma pequena lágrima furtiva rolou de seus olhos,
Abrindo caminho para um filete amargo que demarcou seu rosto.
Sofreu mais uma vez uma desilusão amorosa,
Na qual colocara novamente todas as suas fichas
Uma aposta de alto risco,
Mas que a levaria a "quebrar a banca",
Já que o prêmio era mais que especial.
Passou o dorso de suas mãos pelas faces rosadas,
Tinha a certeza de que só choraria desta vez por este amor,
Só desta vez derramaria todas as lágrimas
Que represara em seu coração.
Deitou-se sobre as mãos entrelaçadas, recostando sua cabeça,
E lembrou-se de um trecho do poema de Drummond,
Que dizia que é possível "apaixonar-se novamente(...),
Afinal, somos o amor!"
E assim, fechou seus olhos, sentindo o cheiro da relva verde e plana
Enquanto tomava mais uma vez coragem e ânimo para virar esta página
E escrever uma outra, novinha em folha
Na história de sua vida.