Tarde de recomeço

Sentava às margens do lago do Ibirapuera,

Numa tarde de brisa fresca, sol ameno na cidade

Mas no seu coração, bem no fundo de sua alma

Só ela mesma sabia como se sentia.

Jogou uma pequena pedra de formas arredondadas

E a viu quicar por sobre as águas três vezes

Até que o objeto perdeu força e afundou.

Meditava em seu coração - por que foi preterida,

O que a outra garota tinha a mais que ela não tinha?

Lançou olhares por sobre o lago,

Observando o Ginásio do Ibirapuera, e mais além

As torres imponentes marcando posição na Avenida Paulista.

Subitamente, uma pequena lágrima furtiva rolou de seus olhos,

Abrindo caminho para um filete amargo que demarcou seu rosto.

Sofreu mais uma vez uma desilusão amorosa,

Na qual colocara novamente todas as suas fichas

Uma aposta de alto risco,

Mas que a levaria a "quebrar a banca",

Já que o prêmio era mais que especial.

Passou o dorso de suas mãos pelas faces rosadas,

Tinha a certeza de que só choraria desta vez por este amor,

Só desta vez derramaria todas as lágrimas

Que represara em seu coração.

Deitou-se sobre as mãos entrelaçadas, recostando sua cabeça,

E lembrou-se de um trecho do poema de Drummond,

Que dizia que é possível "apaixonar-se novamente(...),

Afinal, somos o amor!"

E assim, fechou seus olhos, sentindo o cheiro da relva verde e plana

Enquanto tomava mais uma vez coragem e ânimo para virar esta página

E escrever uma outra, novinha em folha

Na história de sua vida.

Marcio Roque
Enviado por Marcio Roque em 07/03/2009
Código do texto: T1474275
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