Cadê as crianças?

O que foi que eu disse? Lembra-se? Foi só um escândalo sair debaixo dos tapetes para que os outros saissem em fila indiana. Basta usar um CTRL + C e CTRL + V, modificar alguns nomes e cidades e "voilà". Primeiro é o caso da menina de Alagoinhas e a grande repercussão, não por ela estar grávida, mas sim pela ação de excomunhão. Depois surge lá nos confins da Bahia mais um caso de pedofilia envolvendo gravidez precoce. Para quase encerramos a semana, um novo surgiu no Rio Grande do Sul. Palavras-chave? Sim, gravidez e infância. Será que é preciso os fatos acontecerem para as autoridades abrirem os olhos? Assim foi com o menino João Hélio, com Isabella Nardoni e tantas outras crianças que, não chegaram à mídia, mas tiveram de passar pelo pior para comover e tirar a venda dos olhos daqueles que enxergam o que não devem. Ainda nesta semana, um borracheiro encontrou uma criança dentro de uma caixa de papelão nos Campos Gerais. E que papelão a mãe dessa criança deve estar passando. Quais serão as brincadeiras, os brinquedos e a infância de uma criança assim? Cadê os contos de fadas, as Chapeuzinhos Vermelhos, as Cinderelas? De uma certeza eu tenho, e garanto que não sou somente eu, não é coração que bate no peito desses escrápulas, e sim uma pedra, fria e dura. O meu receio é que agora, exatamente neste momento, enquanto você lê essa crônica, quantas dessas pedras não estão agindo. Quantas crianças não estão sendo molestadas, e o pior é que dessa maioria nem se quer saberemos qual fim se deu a história.

Eduardo Costta
Enviado por Eduardo Costta em 12/03/2009
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