Deus, beleza e suor. I

A poesia está no coração de quem a sente.

Não é de ninguém, como ninguém deve guardar como suas, as coisas lindas que o mundo tem para lhe dar.

Pelas encostas de xisto, serpenteiam em socalcos, pintados de amarelo, castanho e verde, nelas, suando e cantando, homens mulheres e crianças, colhem as uvas que o suor regou, o Sol abençoou, e Deus permitiu que nesse paraíso terrestre, se pudesse colher o melhor Vinho do Mundo, O VINHO DO PORTO.

A jornada é dura, as máquinas não podem entrar, cestos vindimos, carregados em costas curvadas pelo peso da tradição, mãos pegajosas de açúcar, sorriso estampado no rosto, onde canções tradicionais que ao ritmo da concertina, marcam um ritmo alegre, dando alento e coragem ao povo que trabalha.

Como testemunha o Douro, nesse vale maravilhoso, espraiando-se suavemente, numa cor mista de prata e sombras...

Sempre que o calor aperta, as gargantas secam-se e lá vem o tradicional refrão...

Já o sol vai alto, a garganta está seca

lembra-te de nós, nosso patrão

mata a nossa sede, refresca as nossa almas

e traz aqui, depressa o garrafão!

E como que por magia todo o mundo pára, olhos presos nas encostas, gargantas secas pelo sol e pelo pó, o garrafão passa de mão em mão, sendo o seu vinho sorvido, saboreado, tendo apenas como testemunhas, O DOURO E DEUS, que num dia de inspiração o transportou do céu para este paraíso terrestre.

Finalmente a uvas são colhidas e transportadas para o lagar.

Muito mais irei contar, a tradição do pisar das uvas, a história desse vinho maravilhoso, mas um desafio quero deixar...

Pesquisem DOURO, RÉGUA, ARMAMAR, VINHO DO PORTO, e sintam o peso da tradição, a beleza destas paisagem, mas sintam também a coragem de um povo, em transformar encostas xistosas, íngremes, numa coisa que a UNESCO classificou como património cultural da humanidade.

Bem hajam e façam o favor de serem felizes.

Alma Lusíada
Enviado por Alma Lusíada em 01/05/2006
Reeditado em 01/05/2006
Código do texto: T148478