POR QUE JOGUEI PEDRA NA LAGARTIXA?

Interessante como tem modinha que se encaixa perfeitamente em determinados momentos da vida da gente, ontem, por exemplo, eu ouvi até a exaustão, Roda-Viva do Chico, isto porque “tem dias que a gente se sente /Como quem partiu ou morreu / a gente estancou de repente / ou foi o mundo então que cresceu”. MAS HOJE, “recebi um telegrama do Alabama”, que me deixou feliz, e se ontem estava meio triste e fiz queixa ao delegado, logo, logo retirei a queixa e lhe mandei flores. Feito isto, dei uns passos para trás, fui ao encontro de mim mesma, e eu que nunca achei o mundo uma coisa absolutamente normal e nunca dormi o sono encantado do cotidiano, sempre estou admirada com isso e com aquilo, com o que me dizem ou deixam de dizer, com o que me fazem ou deixam de fazer, sai da minha clausura voluntária e me pus a andar sem rumo, e como diz o Caetano, sem lenço nem documento; queria está só, mas não senti desejo de chutar pedras, queria apenas repisar os meus pensamentos, queria saber qual a coisa mais importante da vida... Como esta vida surgiu; como surgiu o universo, a Terra... Ao mesmo tempo ficava imaginando se tudo que existe foi criado, e de repente quero saber quem criou Deus... ( Ah, esse Deus em quem não acredito, mas sempre está nos meus pensamentos!) Pensei nas pessoas... Pensei que nem só de pão vivemos, necessitamos de amor, de carinho, de respeito, de cuidados... Ah, quantas coisas eu gostaria de saber, mas não sei, não sei nem quem sou ... E quando voltei da caminhada, sentei no meio-fio da minha calçada e maldosamente joguei uma pedrinha numa lagartixa que passou ligeira por entre as minhas pernas. O que significou esse meu gesto, que sou uma “menina” má?

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 16/03/2009
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