Você sabe unir?

Unir com durepox pedacinhos de cacos de um jarro quebrado não é fácil. Por mais cuidado que você tenha, não fica perfeito. A não ser que você seja um profissional, um restaurador. O melhor mesmo é evitar quebrar, porque o remendo deixa seqüelas.

Tem coisas que quando quebra, não dá para unir nem mesmo sem exigir perfeição. Por exemplo, um vaso de cristal, este não tem jeito. Quebrou lixo. E espelho? Este mesmo que não se remenda, espelho quebrado dá azar. Dizem que devemos descartá-lo o quanto antes.

Com o objetivo de unir, juntar, acoplar hoje contamos com uma variedade de tipos de cola. Cola para papel, para vidro, cola colorida, cola transparente, cola com secagem rápida. Modernamente tudo está mais fácil, pior era quando os pedaços eram unidos com cera, um material liguento e preto, que servia para juntar pedaço de louça, por exemplo. Já a goma - arábica, servia para colar papel e na sua falta utilizava-se o grude caseiro feito com goma e água que se levava ao fogo até ficar ligante. A cola branca líquida em frasco com biquinho próprio evitando a lambuzeira na hora de colar é coisa da modernidade.

O homem ao longo da sua história inventa, cria, moderniza os mais diversos tipos de cola, até perfumada existe, com o objetivo sempre de unir papel, sementes, palha, tecido, madeira, fórmica, dentre outros materiais.

Mas, ao mesmo tempo em que o homem une, desunhe. Ele une com as mãos e desunhe com a língua. Fazendo intrigas, menosprezado as pessoas, afastando amigos, separando casais, provocando desentendimento entre colegas de trabalhos, chefes e funcionários. Coisas desta natureza quando se desagregam não existe cola, nem cera, nem grude que remende, pelo menos sem deixar traumas.

O homem embora tenha inventado uma variedade enorme de tipos de cola, ainda não fez a porção necessária e suficiente para colar, unir, casais que se separam, famílias que se fragmentam, amigos que se desentendem, enfim pessoas em desarmonia. A receita todo mundo sabe, os ingredientes estão todos disponíveis, falta lançar mão deles, dosar um pitadinha de cada coisa como se tivesse fazendo um grude. Um pouco de amor, um pouco de paciência, um pouco de afeto, um pouco de escutar, um pouco de renunciar e depois que tudo tiver na medida certa, está na hora de tentar unir o amor quebrado, o lar desfeito, reconquistar o amigo perdido.

Se unir os pedacinhos quebrados, até mesmo de um vaso que se dilacerou é tão difícil, melhor não deixar quebrar. Tem uma velha máxima que diz: “Melhor prevenir que remediar”.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 17/03/2009
Reeditado em 08/05/2020
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