Crônicas de um alguém perdido no mundo- Um passe para a liberdade.

Eu entrei na sala.Quem se encontrava sentado á mesa era um homem de seus trinta e poucos anos,cara de cansado mas parecia ser feliz.Quando ele falou sua voz passava calma,seus gestos denotavam cuidado,parecia ter algum tipo de sensibilidade oculta.

-Então ,o que a senhorita deseja::- Eu ri desajeitada e respondi:

-Eu quero trancar meu curso por esse semestre.Semana passada estive aqui procurando você ,mas soube que você só podia dia de hoje e semana passada não pude vir neste dia,infelizmente.Então...-olhei suplicantemente-...se você pudesse abrir uma exceção...

Ele me olhou calmamente e falou,parecia um anjo humano:

-Você é muito expressiva.-e passou a mão pelo seu rosto,como para me indicar.Fiquei surpresa com o comentário,tão sutil e direto,então tudo o que consegui responder foi:

-Ahn...brigada...eu acho,-olhei sem graça para o papel de requerimento:ainda estava meio preenchido. Não sei por quê,mas não consegui esquecer isso que ele me disse.Vai ver era verdade,vai ver não.Só sei que ficou ali,na minha mente.

-Mas então,qual o motivo de trancar::- ele perguntou.

-É por que entrei na federal agora,então não posso trancar lá pois estou no primeiro período,e fica demais sabe,tenho muitos textos pra ler então fica meio que pesado ficar nas duas...-ele me olhou seriamente e depois falou:

-Acho que vou abrir uma exceção para você,vou colocar excepcional aqui.-vi quando carimbou o papel,carimbo azul.

-Qual é mesmo a o curso que você irá fazer lá::-perguntou,olhos meigos.

-Artes cênicas.-respondi.Vi seu olhar de compreensão.Olhei para o papel: estava finalmente assinada minha liberdade.

-É importante ter essas duas graduações ,ambas vão ser essenciais na sua vida.-ele falou e eu sabia ,mas não lhe disse que, para mim,só uma delas seria.Deixei ele pensar que havia concordado.Talvez antes eu tivesse achado isso,mas não agora.Não havia volta,pelo menos por enquanto...

-Obrigada.-falei,depois de assinar o local que ele me indicou.

Me levantei,depois de conversarmos brevemente sobre minha caneta,que havia sido dada por minha tia,trazida da Disney.Me contou ele que seu sonho era ir lá,eu disse que meu também.Seu sorriso era mesmo gentil.Ele se levantou também,talvez eu devesse ter conversado mais,talvez não.Foi isso,apertamos as mãos.

-Adeus.

-Adeus.- Saí da sala livre,um peso tirado das costas,e livre me jogarei na vida,esperando ser guiada pelos caminhos certos,apesar de muitas vezes não tão explícitos...

Adriana Monteiro
Enviado por Adriana Monteiro em 20/03/2009
Código do texto: T1497413