Quando Era Um Novato

Aprendi a lidar com a dor

De uma maneira estranha

Mas agora, toda vez que ela me alcança

Não me acompanha

Quando era apenas um novato

A usava como um instrumento de tortura

Eu fazia meu coração se retorcer

Até sentir que mudara o seu formato

E como uma fruta, sendo espremido dentro de mim,

Sentia todo o gosto amargo da dor a me alimentar.

Aquilo era quase um prazer

Não incomodava, até gostava.

Pois me ajudava a não me iludir

Com a realidade deste mundo.

Quando era apenas um novato

Este tom cinza me atraia

Transformava tudo a minha volta.

Eu sentia essa cor chegando

E nela, havia vida (sentia paz)

Ninguém me entendia, pois na agonia sentia alegria.

E Quando a escuridão chegava

Nela eu me agarrava

E me afundava

Lentamente

Como pedra no mar...

Até me aprisionaria ou me esconderia nisso

Para nunca mais voltar

Quando era apenas um novato

A solidão era meu único consolo

Um solitário no meio de milhões

Erva daninha entre flores

Nos meus olhos não havia reflexo

Pareciam dos negros espelhos

Que mostravam figuras retorcidas

Vazias e sem brilho

Que caminhavam pesadamente

Amarradas com o chumbo da dor

Em seus calcanhares.

Prisioneiros de um sentimento frio e cruel

Quando eu era um novato

Não me importava o brilho do sol

Nem as belezas que ele mostrava

Pois era a luz da lua

Que se podiam ver rostos pálidos

Chegando próximo da infelicidade.

Como um ser noturno

Esgueirava-me noite adentro

Sentia a brisa fria

E a paz melancólica

Que a luz trazia

Aquilo me satisfazia, me deixa em transe

Como a descoberta de uma droga inebriante

Que corrompe no seu primeiro uso.

Depois eu sorria e me despedia

Para voltar na noite seguinte

E provar mais um pouco deste sórdido néctar

Quando era apenas um novato

Dizia sempre "não"...

Não sabia lidar com o novo

E agora que já não sou mais,

Encaro de uma maneira nova esse sentimento

Sempre de uma forma leve e sem lamento

Agora não sou mais um novato

Entendo que a dor pode me alcançar

Mas sem me acompanhar

E que posso ser solitário e não sofrer

Por isso, neste momento rasgarei estas páginas

Não para esquecer-se de mim,

Mas sim, para escrever novas linhas neste livro

Que a muito ficou manchado de negro

Pois agora que não sou mais um novato

Posso erguer a cabeça

E sentir que depois do meu karma

Pude aprender com a dor.

Aprender que fugir

Não é o melhor jeito de se livrar

E que, Quem ainda não sofreu com a dor

Não chorou nem sofreu

Ainda não viveu.

ThIaGo RoDdYs
Enviado por ThIaGo RoDdYs em 24/03/2009
Reeditado em 20/05/2009
Código do texto: T1503662
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