POIS É.

Pois é. A grande verdade é que não gosto de chuva. Ela me deprime. E aqui por essas bandas a chuva não está dando trégua. Minha filha colocou a casa á venda e está mudando para uma menor, o que significa uma semana inteira de trabalho para mãe e filha, obviamente. A separação dela do marido não está sendo tranquila, e isso me abalou e a toda família. Fico pensando que nascemos, lindos e fofos bebês, crescemos, crianças mimadas, o centro de atenção da casa, casamos com festa e votos de felicidade eterna, procriamos num recomeço, e de repente, pumba! Cada um para um lado, crianças atordoadas, pois amam seus pais e os querem juntos, a família sem saber o que fazer ou como agir. Aquele rapaz, ou moça, que achávamos um exemplo de criatura e a quem tratávamos como um filho (a), agora nos passa a imagem de um monstro de vídeo games. Talvez não seja, mas é a impressão que nos dá, pois nos mostra a outra face: a da discórdia, do interesse, da disputa, do escárnio. Enfim, colocar uma escova de dente ao lado da outra nunca foi nem será uma tarefa fácil. São Seres completos e diferentes que se juntam, na tentativa de levar adiante uma união, com projetos de vida definidos e por que não, sonhos, muitos sonhos. Meu pai morreu antes dos quarenta anos, mas, o pouco que me lembro da convivência dele com minha mãe, serviu-me como base para tentar no futuro criar uma família e dedicar-me a ela. Sinceramente, não sei o que acontece com os casais atualmente. Acho que a liberação feminina foi muito boa, mas esqueceram de alicerçar alguns valores, entre eles o da família. Hoje em dia os casais conversam muito quando em grupo, mas não tem o que dizer quando estão a sós. Muitos na verdade, não curtem fazer programas a dois, preferem estar sempre cercados dos amigos. As crianças, na creche ou com babás, pois as mamães precisam trabalhar, dispõe de pouco tempo com os pais, cansados e carregados de problemas. Isso que percebo nessa geração. Pode ser que esteja errada, por que não? Mas, só posso aquilatar o que vejo, e o que vejo me entristece quando percebo a infelicidade nos olhos e na conduta de certas crianças. A liberação feminina trouxa a dupla jornada de trabalho para as mulheres, sendo que algumas mães se culpam e se esforçam acima de seus limites para serem as mães presente, esquecendo de seus direitos ao lazer, e da vida a dois. Junte-se a isso o cansaço, os problemas financeiros e a ausência daqueles momentos íntimos, o amor parece que se esvai e temos aí o fermento para uma separação. Talvez fosse melhor continuar naquela vidinha de nossas avós, só tricotando e freqüentando saraus. Não havia a questão de direitos iguais, todavia não deixavam de ser as senhoras da casa preocupadas tão somente com os afazeres do dia a dia. Penso que, escovas de dente juntas não é tarefa fácil, requer jogo de cintura, compreensão, inteligência, dedicação, desprendimento e muito, muito amor. Pois é, como já disse, a chuva me deprime, por isso vou ficando por aqui. Agora é tocar pra frente e esperar por um novo amanhecer, com muito sol, que seja profícuo em calor humano, amor e novos sonhos.