TRAÍDO E FALECIDO

Em passos largos, escadaria da frente, na rua dos Antônimos, típica cidade do interior nordestino, com típico enterro do interior. Descia ela. De preto, véu negro e olhar brando; que nem se observava com tanto pseudo-fúnebre sentimento. Volupiosa e luxuriosa marca ao pescoço e no pescoço... E tanto interprete quanto beata descia a ladeira e ali ela sabia quem descia, e no capim mal sabia quem era.

Boca envolta a um barril de cachaça, inteiramente seca, era ontem! Ontem dia de morte, de sangue; e seda e gozar... E tanto e quanto a dor da ira.

Viúva descendo as escadas, surgiu na capela, era luta liberta de emoções.

Mesmo assim ela subia as escadas, e o véu no rosto claro, bechechas vermelhas, boca carnuda,, face de mulher dura ou de dura mulher.

Tarde gris subia o céu, junto com o marido, coitado! Traído, sugado, saturado.

Sabe lá, quem há de saber? Se ela arrependida estava, saberá quem? Embora ninguém julgasse, ninguém contasse, boatos surgiam. Corria o assunto do capim da libido de amantes naquela noite. E no capim sofrido, foi sepultado o tal marido. E respeita-se, porque por lá ninguém pisava , criança não corria. A grama, o capim, se crescia, ela mesmo arrancava toda aquela apatia verde. E ái de quem de lá encostava, teria então o juízo do traído falecido?

CapituLua
Enviado por CapituLua em 25/03/2009
Código do texto: T1505522
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.