TRAÍDO E FALECIDO
Em passos largos, escadaria da frente, na rua dos Antônimos, típica cidade do interior nordestino, com típico enterro do interior. Descia ela. De preto, véu negro e olhar brando; que nem se observava com tanto pseudo-fúnebre sentimento. Volupiosa e luxuriosa marca ao pescoço e no pescoço... E tanto interprete quanto beata descia a ladeira e ali ela sabia quem descia, e no capim mal sabia quem era.
Boca envolta a um barril de cachaça, inteiramente seca, era ontem! Ontem dia de morte, de sangue; e seda e gozar... E tanto e quanto a dor da ira.
Viúva descendo as escadas, surgiu na capela, era luta liberta de emoções.
Mesmo assim ela subia as escadas, e o véu no rosto claro, bechechas vermelhas, boca carnuda,, face de mulher dura ou de dura mulher.
Tarde gris subia o céu, junto com o marido, coitado! Traído, sugado, saturado.
Sabe lá, quem há de saber? Se ela arrependida estava, saberá quem? Embora ninguém julgasse, ninguém contasse, boatos surgiam. Corria o assunto do capim da libido de amantes naquela noite. E no capim sofrido, foi sepultado o tal marido. E respeita-se, porque por lá ninguém pisava , criança não corria. A grama, o capim, se crescia, ela mesmo arrancava toda aquela apatia verde. E ái de quem de lá encostava, teria então o juízo do traído falecido?