PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES

Diz Julia Kristeva, psicanalista búlgara, professora da Sorbonne :

“O homem moderno está perdendo a sua alma, mas não se dá conta disso”.

Quando se fala da perda da alma logo surge à idéia de um desencontro com Deus, ou quem sabe, a figura de Fausto, protagonista de uma popular lenda alemã e de seu pacto com o demônio.

Há diferença entre vender a alma ou perdê-la sem dar conta de tal eventualidade?

Fausto a comercializou em troca de vinte e quatro anos de juventude, amor, prazeres e poder sobrenatural, e por fim recebe – a morte e danação.

Por que estamos perdendo a nossa alma?

Certo estado Faustiano, evoluiu para outro mais elevado, uma quase Mefistofélica forma de estar.

Transformou-se em um nível insuficiente de iniciativa - entusiasmo, determinação.

O pior desencontro não é com Deus ou diabo, mas, ficar sem a posse de si mesmo.

Alguns Corações feridos perdem alegria de viver, convivendo com sentimento de impotência, desanimo, medo, ansiedade. ,

“O “infortúnio é um degrau para o gênio, uma piscina para o cristão, um tesouro para o homem hábil e um abismo para o fraco”. ” Honoré de Balzac”.

Quando a alma se entrega aos sentimentos nada prazerosos, a vida realmente se torna infernal. Quer algo mais sério?

Folha verde pisada, pesada sem muita vontade de fazer as coisas, ou sentir as vibrações que impulsiona a vida. O vento não consegue embalá-la, erguê-la!

Jaz no chão sem viço, desprovida de força!

Rabino Simon Jacobson explica a alma desta forma:

“Uma alma é nossa identidade interior, nossa razão de ser”.

A alma da música é a visão do compositor que dá vida às notas tocadas em uma composição.

“Cada Alma é a expressão da intenção e visão de D’us ao criar aquele ser em especial”.

Cada um de nós é uma nota musical única, numa grande composição cósmica.

“É nossa obrigação descobrir nossa alma e tocar sua música singular.” Rabino Simon Jacobson.

A alegria não está nas coisas, está em nós.

Vigor no falar, no escrever, exaltação criadora, inspiração, flama, admiração, viva alegria, júbilo, dedicação ardente, ardor, paixão...

E não são exatamente esses os sentimentos que desejamos em nossa vida?

Ela é a engrenagem que toca novos projetos com garra, entusiasmo, tendo a função de líder - inibindo com tal comportamento os adversários.

A palavra “enthousiasmós” vem de “théos” em grego que significa “deus”.

Os gregos eram panteístas e politeístas; acreditavam em muitos deuses.

A vidente de Delphos ao dar os oráculos se dizia “entusiasmada”, isto é, sentia-se arrebatada pelos deuses, como se tivesse um deus dentro dela.

Com o deus, ela era capaz de transformar a realidade e fazer as coisas acontecerem apesar das adversidades aparentes.

Por isso os gregos iam a Delphos, para que, entusiasmados pela vidente, fossem capazes de transformar a realidade, apesar das adversidades aparentes.

“Empreendedor é aquele que transforma sonhos em ação, e ações em resultados”.

Há sonhadores, entretanto, que não souberam despertar do ilusionismo.!

A indiferença ética alastra-se no País e hoje contamina os tres Poderes.

O poeta Geraldo Vandré alerta o povo da gravidade de seu torpor cantando a linda melodia,

PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES

Em 1968, os jovens, amparados pelo marxismo e por uma grande dose de romantismo, se rebelaram contra o sistema capitalista.

Vandré tornou-se famoso por suas belas composições, com forte teor político.

Para não dizer que não falei das flores, a melodia tornou-se um hino de resistência do movimento civil e estudantil que fazia oposição à ditadura militar. O Refrão "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer" foi interpretado como uma chamada à luta armada contra os ditadores..

Exprime poeticamente sobre a liberdade quando diz:

Somos todos iguais braços dados ou não, nas escolas nas ruas campos construções caminhando e cantando e seguindo a canção.

No (refrão) Pelos campos há fome em grandes plantações / Pelas ruas marchando indecisos cordões/ Ainda fazem da flor seu mais forte refrão/E acreditam nas flores vencendo o canhão, - Referi-se

aos civis que morreram defendendo a causa da liberdade de expressão política.

Há diferença entre vender a alma ou perdê-la sem dar conta de tal eventualidade?

A canção Prediz:

Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer...

"Para não dizer que não falei das flores"...

Marília
Enviado por Marília em 28/03/2009
Reeditado em 02/11/2012
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