Meu Pavor por Gatos

Tenho pavor de gato, não é nojo e nem asco, é medo mesmo. Aliás, não é um medo apenas meu, pois, meus quatro irmãos também o têm na mesma proporção, de pavor.

Este medo que pode ser e parecer inexplicável tem uma razão clara de ser e haver. Quando éramos pequenos e íamos visitar minha avó, na bucólica Divinolândia, ela sempre contava a mesma história. Príncipes encantados, aventuras de super-heróis, nada disso era contado e sim a do gato que matou o padre.

Minha avó nos sentava por perto e arredor dela e começava: “Era uma vez um padre entrou na sacristia e deu com um gato comendo as hóstias da missa. Tentou pegar o bichano, mas em vão. Porém, ficou no dia seguinte escondido dentro da sacristia e quando o bichano por lá apareceu o padre fechou a porta e cercou o bichado com um pau na mão. O bichano sem ter pra onde escapar, o padre tinha fechado tudo, foi para um cantinho na sala e lá ficou encolhido de medo. O padre então com o pau na mão, neste momento deve ter esquecido de São Francisco de Assis, partiu para cima do bichano para lhe sentar a paulada. O bichano então, se sentindo acuado e indefeso pulou encima do padre com as garras afiadas unhou o pescoço do padre que sangrou na sacristia até a morte”.

Terminada a história, verídica dizia minha avó, todos nós estávamos agarrados um nos outros com cara de espanto total.

Essa história seguiu-nos por toda juventude e hoje adulto, temos pavor de gatos, aliás, medo do mais cortante.

O medo por gatos é sabido pela maioria dos meus amigos, entretanto, quando vim morar em São Paulo, visitava meus familiares de finais de semana no interior, e como não tinha carro viajava de ônibus ou muitas vezes arrumava uma carona com algum amigo.

Certa vez consegui uma carona para minha cidade – Casa Branca – com minha amiga Ana Flavia, porém não sabia que teria companhia.

As companhias para meu desespero era nada mais, nada menos do que as duas gatas que minha amiga não poderia deixar no apartamento sozinha.

Ao chegar pra me pegar pra irmos para o interior, abri a porta, mas quando coloquei uma parte do corpo dentro do carro, ouvi miados. Meus pêlos arrepiaram de medo e no banco de trás lá estavam as malditas gatas.

Congelado, não conseguia nem entrar e nem sair do lugar e minha amiga pedindo o favor de tomar conta das gatas dela.

Pedi desculpa, agradeci e peguei o metrô até a rodoviária do Tietê e fui de ônibus.