LINHA DIVISÓRIA

Por que será, que temos de estar vigilantes ante nós mesmos? Que misterio é este que não conseguimos decifrar de maneira clara, que é a linha divisoria do nosso consciente-inconsciente, fronteira que não devemos ultrapassar?

Nascemos dotados de uma razoavel carga genetica, herança dos nossos antepassados, o resto adquirimos no decurso da nossa vivência no âmbito familiar e social, existindo em nós uma fronteira misteriosa e obscura de onde brotam as paixões, o medo, a criatividade e a propria vida e morte.

Por que será que existem pessoas voltadas para servir, preservar, amparar, socorrer, acudir e outras cujas metas parecem ser destruir, roubar, matar, engendrar crimes com requintes de crueldade, até contra seus proprios pais, como temos visto de maneira assustadora nos jornais e noticiarios de TV?

O que será que leva uma jovem a tirar a vida dos seus pais de maneira tão cruel e perversa, ou então um pai a usar sua propria filha, com apenas dois anos de idade, em atos libidinosos e obscenos?

A raiz dos problemas pessoais está justamente na falta da autoapreciação. Quem se deprecia caminha para o abismo da solidão.

Sem ao menos perceber, afasta-se pouco a pouco de todos os seus e principalmente de si mesmo. E isso é absolutamente fatal para a construção de uma personalidade sadia.

Reações contrarias, imprevistas e imprevisiveis distorcem o que poderia ser uma personalidade equilibrada. Reações observadoras e positivas despertam e reforçam uma personalidade firme e forte que poderia estar até então adormecida.

Porem, que misterio é este que envolve nosso inconsciente quando ultrapassamos esta fronteira misteriosa e, nos lançamos num lago escuro de águas profundas, sem direito a uma emersão?

Necessariamente precisamos andar em eterna vigilância, pois não somos donos de nós mesmos, somos sim o resultado de nossas escolhas... Porem, muitas vezes não temos direito a escolhas, somos literalmente jogados num profundo abismo, e aí que fazer?

Existe em cada um de nós, uma linha divisoria tênue, basta haver minimo deslize para que fiquemos completamente sem norte.

Devemos gravitar no Universo de maneira cautelosa e vigilante, de maneira “leve”, mas com personalidade firme. Livres, mas com freios. Seguros de nós mesmos, porém sem desprezar as duvidas. Conquistando sempre, mas levando em consideração as eventuais e provaveis perdas. Com desafios e dificuldades, mas com a consciência de que tudo isso forma um Todo, que é uma personalidade apreciada por si mesma, apreciando os outros e sendo apreciado pelos mesmos... Somente assim poderemos viver de maneira coerente e razoavel, numa parceria com o social e o humano.

“A criança eterna no homem é uma experiência indescritivel, uma incongruência, um empecilho e uma prerrogativa divina; um imponderável que determina, em ultima instância, o valor ou desvalor da personalidade” (Jung).

Jung acreditava que cada individuo tem, durante sua vida, a tarefa de uma realização pessoal, o que torna uma pessoa inteira e solida. Essa tarefa é o alcance da harmonia entre o consciente e o inconsciente.

SSala
Enviado por SSala em 05/04/2009
Reeditado em 17/04/2009
Código do texto: T1523566