...ACHO QUE NÃO CONSIGO MAIS ESCREVER...

Eu corro para me exercitar e também para meditar, e tento descobrir quais são meus limites, a forma pela qual mais me aproximo de voar. Os pés vão suportando o peso do corpo que vai se tornando maior a cada dia, passo a passo vou descobrindo que meus sonhos não tem prazo de validade. Os meus sonhos não morrem com o pôr do sol de toda tarde, pelo contrário, ganham novos contornos e formas, mas nunca deixam de ser aquilo que busco pela vida toda, independente de suas transformações. Eu lembro do meu passado e de algumas coisas que hoje me parecem mentiras, e que por pura ignorância aceitava como verdade. Não consigo descobrir o que foi feito de todo aquele suor desperdiçado entre papéis e dias que viraram noites inexistentes atrás de uma mesa qualquer. Sei que imaginam a minha velhice contrastando com minha juventude, mas é que o desconhecido é sempre um estímulo bom aos meus pensamentos, e por vezes pode ser que até eu mesmo desconheça o que falo e o que penso. A coerência nunca foi eficaz para tratar o meu tédio. Hoje passei o começo da noite me arrastando preguiçosamente entre alguns acordes que eu aprendi. Eu cantei para afastar teu ciúme. Eu me perdi naquele refrão porque voltei a estar absorto entre meus pensamentos, que eram velozes demais para acompanhar com meus pés. Definitivamente eu preciso aprender a voar...