Zé Ninguém à beira do fogão

Numa vila distante da cidade

Morava o Zé Ninguém.

Zé Ninguém, filho do Seu João com Dona Maria

Era o símbolo da humildade e da ternura.

Não era letrado, não tinha o saber da cultura moderna,

Mas tinha no coração o saber do povo irmão!

Zé Ninguém trabalhava na terra, plantando feijão!

O dia inteiro na labuta e a noite estava na casa do Seu João!

Voltava pra casa, gastava meia-hora, não tinha tristeza,

Só alegria, cantarolava as músicas do sertão!

O tempo passava e feliz então, Zé Ninguém ia comer o seu pão,

Conversar com Seu João e Dona Maria na beira do fogão.

Idade chegando, o tempo passando, Zé Ninguém foi crescendo.

Um dia o pai morreu, Zé Ninguém chorou, sofreu, mas,

A rotina continuou, na falta do pai amigo, o ombro de Dona Maria

Era o seu recanto de domingo!

Dona Maria envelheceu e um dia ela também morreu...

E Zé desvaneceu, não sabia o que fazer depois do feijão,

Sua vida era seu pai, sua mãe – não tinha irmão!

Na cabeça do Zé o pensamento: e agora o que eu faço?

Vou ao encontro do meu pai? Vou plantar feijão? E mais tarde na beira do fogão?

Aqui fica a interrogação!

Zé Ninguém sozinho estava, pois não fora preparado para o arrebento do cordão!

E isso o levou a outra situação!

Situação nova como um bebê vendo o bicho papão!

Para o novo ele não foi preparado, na beira do fogão, aos prantos Zé agonizava no chão!

Esta história nos mostra como devemos nos preparar para os encalços da vida!

Eu, você, meu filho e o seu, devemos estar sempre ligados, mas também preparados,

Para os próximos passos que um dia serão tomados.

As etapas da vida são cheias de surpresas, agradáveis ou não,

Olhe-se no espelho, se prepare então.

Se for responsável pela formação de alguém,

Filho, aluno, seja ele quem for,

Ensine-lhe esta lição,

A vida não se resume num pé de feijão ou na beira de um fogão,

As coisas boas da vida nunca podem ser esquecidas ou desvalorizadas,

Valorize sempre esses momentos, mas saiba que, até seu último suspiro

Você estará respirando novas realidades e para elas deverá estar preparado.

Preparado para vencer, preparado para viver!

Ah, antes de terminar, gostaria de lhe falar:

Zé Ninguém caminhou e mesmo achando que tudo acabou

Uma bela moça encontrou, com ela um dia se casou...

Hoje na beira do fogão à noite ele se encontra com sua amada e seus três filhinhos,

Mas na cabeça tem o saber que um dia vai morrer...

Assim, já prepara e conversa com os meninos: vão viver a vida,

Vão estudar, conhecer pessoas e novos ambientes,

Cada um siga sua caminhada e aquilo que gostar como empreitada!

Mas nunca se esqueçam do fogão, do café quente e do pão e desta pessoa, que um dia se achou “um Zé Ninguém”, mas que hoje se acha gente!

Edson Tavares
Enviado por Edson Tavares em 11/04/2009
Reeditado em 28/04/2012
Código do texto: T1533222
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