Deus me proteja da bondade das pessoas ruins.

Tá, eu estou meio sem inspiração, mas a afirmação da música de Chico César me impressionou o suficiente para render algumas palavras: "Deus me proteja de mim e da maldade das pessoas boas e da bondade das pessoas ruins(...)".

Pois é, Deus nos proteja de nós mesmos e das coisas que podemos fazer com nossas vidas, porque tudo é escolha e escolha pessoal, intransferível. Leonardo Boff afirma "o livre arbítrio é uma coisa tão sagrada que nem Deus interfere". Até por que ele nos quer livres pensadores, inclusive com o direito de não crer Nele. Ele nos quer seres morais por escolha e conclusão e não por medo. O medo do inferno não fez ninguém deixar de "pecar", tem neguinho comprando lugar no inferno com mais frequência que os compradores de lotes no céu.

Eu mesma não acredito que exista céu e inferno em outro lugar que não seja nossa própria alma; o céu e o inferno são escolhas. As escolhas não nos levarão até eles, mas escolhemos onde queremos estar e nos cercamos dos elementos de compõe os abismos infernais ou os campos celestes. E isso é somente uma questão da posição em que nos colocamos na vida. Ou que definimos como forma de viver.

Somos pessoas boas? Isto é, somos pessoas capazes do bem? Por que ser bom é ser capaz de dar de si mais do que o mal, para si mesmo e para os outros. Por isso "a maldade das pessoas boas" é muito perigosa e cruel, uma pessoa boa, quando quer ser má, em geral, "erra a mão" e é cem vezes mais péssima do que é necessário. A maldade das pessoas boas explode como uma bomba de mil megatons, só que ela estará segurando a bomba e será atingida por ela com a mesma intensidade...são homens-bomba emocionais e não irão para o céu das mil virgens, por que sua bondade maculada os segurará num "inferno" que não é deles.

Já a bondade das pessoas ruins é sempre uma posição de body-jump, bonito de ver nos outros. A maldade maculará sempre essa "bondade" e, como quem é ruim sempre mente, o vício da mentira sujará qualquer boa intenção. A bondade dos maus sempre está impregnada de vantagem pessoal, mesmo que essa vantagem seja a aquisição de um "terreno no céu"...quem é mau não possui bondade que não seja com segundas intenções, geralmente.

Porém nós, os "livres escolhedores" de Deus, somos bons e maus igualmente, em nós existe o potencial para ambas as posições. Somos bons e maus e é a nossa escolha que define o que somos mais ou menos. Somos mais maus do que bons? Ou ao contrário?

Mesmo aqueles infelizes que vivem engendrando meios de "arrombar" com a vida do seu próximo (seja traficando drogas, armas ou influência) podem demonstrar bondade com alguém e mesmo o melhor dos homens pode exibir seu "momento satã", tal a amplitude da nossa alma humana e, momentaneamente, telúrica.

Eu mesma sou tão "boazinha" que me enjoa, perdoo com uma facilidade espantosa, esqueço numa velocidade supersônica, procuro não incomodar e nem ocupar espaço, sou altruísta...mas, o faço por bondade, ou porque concordar é o melhor meio de não interferir? Perdoar e esquecer são o melhor meio de se isentar e de isolar a pessoa objeto de nossa raiva? Quem garante que meu altruísmo não seja somente um irônico cansaço?

Quem é que me conhece o suficiente para saber se eu sou boa ou simplesmente totalmente indiferente aos destinos?

Quem?

O T-Rex sorri inegmaticamente. Ele me conhece...muito.... e diz que é melhor ficar calado.