O BACALHAU DO DOMINGO

No domingo comemos fora. Há uma espécie de ojeriza por pratos e panelas sujas, e como o domingo é dia de descanso, entregamo-nos aos desígnios dos poucos restaurantes a quilo que há em nossa pequena, mas amada cidade.

Bem, o fato é que o restaurante está cheio, e temos que esperar na rua por uma mesa.

Fico imaginando a cozinha, deve estar uma loucura de suja; mas é melhor nem olhar.

Torcer para não encontrar um corpo estranho nas travessas e comer numa boa.

O que? Salmão, bacalhau de novo. Ai, meu Deus, eu já estou de saco cheio desses pratos. Será que não tem um PF de carne de segunda, arroz, feijão e salada?

Vou encarar o salmão, mais uma vez. Depois, o bacalhau desfiado com batata. Só então vou ficar na fila do churrasco. Depois, uma torta de chocolate. Minha sogra, que não pode comer açúcar, prepara um prato de frutas diversas. Depois, café.

A conta, tirada diretamente do computador, dá vinte reais por cabeça, nada mal para comer salmão e bacalhau.

E fico pensando, o dono desse negócio deve estar tendo um prejuízo desgraçado, vender salmão e bacalhau tão barato. Ou será que os demais restaurantes, no Rio de Janeiro, por exemplo, onde tudo é mais caro, e qualquer coisa que você faça custa, no mínimo cem reais, estão “enfiando a faca”?

Sei lá! O que sei é que de noite o prato será macarrão. E depois volta tudo ao normal.

Segunda feira, dia de feijão-com-arroz.

PS: Vejo Chaves dar um exemplar de “As veias abertas da América Latina” para o Obama. Bobinho mesmo, esse Chaves, achar que ele vai ler. Lembra uma piada do Groucho Marx, que ganhou um livro de um escritor estreante e ligou para dizer que: “Morri de rir com o seu livro, estou rindo até agora, qualquer dia vou lê-lo”.