Eu queria ser Professor

Cheguei a cogitar em minha vida em ser muita coisa, mas a verdade mesmo era que pensei em ser professor, acreditem. Não sou tão velho assim, 37 anos, mas num país como o Brasil depende da sua situação financeira para avaliar se é velho ou não.

Se, tem 37 anos, no entanto, já acumulou uma boa fortuna, é muito novo, alias um bebê. Se, entretanto, está numa situação não muito confortável financeiramente, é bem velho, alias velho demais.

Mas o que poderia me levar em pensar a 20 anos atrás em ser professor, qual motivo me levava a querer assumir aulas e salas de aula lotadas, sem um mínimo de estrutura, com alunos mal educados e despreparados, e salário bem ruim.

É difícil responder, quem sabe na minha filosofia de vida, queria mudar esta situação em que vivemos hoje, ser o Professor, criar métodos de ensino que colocasse prazer nos alunos em aprender matemática, português, física, química etc.

Mas aquela realidade fez com que mudasse de rumo, estudei direito, formei-me e virei advogado, sem tirar na minha cabeça a possibilidade do magistério.

Hoje a educação brasileira é uma catástrofe, os alunos não aprendem, os professores não ensinam, e vivemos um dos maiores dilemas que um país pode viver, a falta mínima de estrutura educacional, com milhões de analfabetos, e analfabetos funcionais.

O que poderia fazer caso tivesse virado professor, estaria hoje dando aulas numa escola pública, sem giz, lousa, livros didáticos e ameaçados por alunos que muitas vezes vão armados para escola.

Como poderemos mudar esta realidade tão acachapante da educação de nosso país, se os maiores interessados pelo analfabetismo estão em cargos políticos e lá que realmente alguma coisa poderia mudar.

A cada dia desconfio que enquanto estivermos nesta situação o país irá ser o mesmo e pouca coisa mudará, desculpe o clichê, mas como dizia Monteiro Lobato um país se faz de homens e livros.

Fico triste sim de não ter seguido o primeiro rumo de minha escolha, ser professor, ao contrário do que muitos podem achar, pelo simples motivo de na época ainda acreditava que um país se faz na educação.